E conseguiu, com autorização judicial, retirar todos os livros de circulação e a biografia foi queimada, como acontece nos piores regimes ditatoriais. Paulo César, no entanto, saiu maior da contenda, escreveu outros livros e provocou um feito histórico.
A censura ao seu livro teve tanta repercussão que abriu um debate no Brasil sobre o assunto e a questão das biografias não autorizadas chegou ao STF. O Supremo decidiu que figuras públicas, como é o caso do cantor Roberto Carlos, não podem impedir a publicação de obras que tratem sobre sua vida.
Isso não quer dizer que se possa mentir, caluniar, difamar. Mas no caso de um livro sério - como é o de Paulo César, um artista não tem o direito de agir arbitrariamente, exercendo o poder de censura.
Vamos divulgar um trecho de "Roberto Carlos em Detalhes" e poderemos, mais na frente, publicar outras partes, algumas mais quentes, que podem ter incomodado o rei.
O texto que segue é do jornalista, professor e escritor Paulo César Araújo:
Na época, o cantor celebrou por Nice com uma nova canção: Amada Amante, lançada em 1971, mas composta durante todo aquele imbróglio para conseguir oficializar seu casamento. Num tempo marcado por guerras, guerrilhas e violência urbana, Roberto Carlos não se conformava com o fato de não poder oficializar o amor que sentia por sua mulher. E a letra de Amada Amante fala exatamente disso: Esse Amor sem preconceito, sem saber o que é direito, faz as suas próprias leis.
A canção incomodou e, num primeiro momento, foi proibida pela censura.
...
"Que manteve acesa a chama, que não se apagou na cama, depois que o amor se fez". E foi exatamente essa referência mais direta à relação sexual que provocou a interdição da música.
Roberto e Erasmo criaram então um novo verso: Que manteve acesa a chama, da verdade de quem ama, antes e depois do amor", que ficou até melhor do que o original.
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