Nessa antecipada pré-campanha eleitoral com vistas ao pleito de 2024, em Taquaritinga do Norte, o jogo que está sendo jogado reside principalmente em conquistar lideranças, com ou sem mandato, para robustecer o projeto político do candidato a substituir o prefeito Lero, depois de dezesseis anos ininterruptos como vice-prefeito e prefeito da Terra do Café. O objetivo é ”furar” o ânimo do adversário e estimular que lideranças indecisas possam finalmente fazer uma opção política, para que, consequentemente, outros sigam o mesmo caminho, estreitando a margem dos concorrentes nessa corrida pela busca de apoios. Claro que cada um tem seu peso e importância, mas, particularmente, adesão de um político com mandato ou que tenha tido uma boa performance em pleitos passados é o grande objetivo de todos que colocaram seus nomes como pretendentes a uma candidatura no ano que vem. Mas, contrariando o ditado popular segundo o qual “querer é poder”, muito provavelmente, duas importantes lideranças, por razões distintas, não endossarão os projetos políticos nem de G e nem de J. Que deverão continuar querendo, mas não podendo. Restaria à dupla, então, duas opções, uma mais “natural” e outra que dependeria das perspectivas eleitorais, no momento, muito questionadas. O tempo político pede uma definição e esta não demorará, já que o “indeciso” corre o risco de perder potenciais apoiadores eleitorais, assediados freneticamente pela precocidade da campanha eleitoral.
Foto do Algodão: bicudos não se beijam
Dá para imaginar um arranjo político que congregue no mesmo palanque os ex-prefeitos Jânio Arruda, José Pereira Coelho, Evilásio Araújo e o “infante” Jobson da Internet? Quem seria vice de quem? Os ex-prefeitos aceitariam fazer figuração para o novato Jobson, como vices ou simples cabos eleitorais? Além da imperiosa necessidade de formar uma chapa obedecendo ao critério geográfico, segundo o qual, para ter sucesso eleitoral, o cabeça de chapa teria de contar com um vice de Pão de Açúcar, haveria dois desafios adicionais: primeiro, o ex teria de flexibilizar o ego e aceitar a poltrona do corredor, já que Jobson pegou a janelinha do avião, e, pela forma como conduziu seus primeiros passos como pré-candidato, deseja a companhia de Jânio e Evilásio apenas como trunfos eleitorais, não devendo abrir mão de sua candidatura, mesmo que a conjuntura eleitoral mostre que Jânio ainda é competitivo, a despeito do pouco caso de que é vítima dentro do seu próprio grupo. Segundo, com os egos domados, qual ex seguiria no palanque, ao ser preterido para a vaga de vice? Evilásio teve essa oportunidade em 2020 e, como todos sabem e ele nega, esnobou a condição de número 2 do poder municipal. Ainda assim, aceitaria bater palmas para Jobson-Jânio? Jânio abriria mão das diferenças do passado e apoiaria o “Obama do Agreste” como vice? Essa conta não fecha e a foto na festa de São Pedro, no Algodão, foi apenas uma circunstância social, mesmo que os fotografados quisessem mandar um recado aos seus “desafetos”, internos e externos. O bicudo foi uma praga que acabou com o algodão no Nordeste e na festa do Algodão foram pacíficos apenas para não melindrar o padroeiro, a quem se atribui a estratégica função de porteiro do céu.
Gena e Jânio trocam caneladas
Numa entrevista a um portal de comunicação de Santa Cruz do Capibaribe, o ex-prefeito Jânio Arruda admitiu a possibilidade de uma junção política com Gena e Jobson para enfrentar o candidato do prefeito Lero, Alysson Dias. Não falou que posição caberia a cada um na montagem de uma chapa para 2024. Possibilidade que melindrou os ouvidos do atual vice-prefeito e o deixou incomodado, já que sua preocupação número 1 é se apresentar como Calabar, mesmo contando em seu palanque com dois ferozes adversários da administração municipal. Juntar-se com Jânio poderia caracterizar um ajuntamento “Gravatinha” e, portanto, prejudicar o esforço do vice em se apresentar como situação e não oposição. Não correspondido, o ex-prefeito devolveu afirmando que ele é que não quer relações com quem “faliu” o município. O que ficou patente foi a contradição dos dois pré-candidatos. Inicialmente o ex-prefeito não levou em conta a “falência” ao flertar com o vice e este preocupado em se mostrar Calabar, mas estando ao lado de dois vereadores de oposição. O “risco no chão” grafado no palco da disputa política de 2024 consolida ainda mais três candidaturas. Uma quarta vai depender de um elemento fundamental em qualquer guerra: a resistência. Do desafiante que acha o desafiado ultrapassado, mas quer seu espólio eleitoral e deste em abrir mão de toda a experiência política para apoiar quem não o tratou com a diplomacia que merece, apoiada nos três mandatos que conquistou e no calor que deu no adversário tradicional em 2020.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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