Não foi a nobreza política ou um projeto para Taquaritinga, que juntou esses quatro personagens da política da Terra do “Café, três dos quais, ex-prefeitos, tradicionais rivais das disputas eleitorais desde 1988. Aliás, o termo do novo batismo, “calaboca”, citado por Evilásio na maratona de entrevistas do dia 25/07, foi cunhado aqui nesse mesmo espaço, na coluna do dia 25/01/23, só que se referindo a Gena Lins e seu “novo grupo”. As contradições são tão grandes e aberrantes, que mais parecem uma fratura política exposta E basta recorrer ao próprio Evilásio para mostrar que a argumentação de defesa da união mais parece a panela de Pedro Malasartes, que fervia sem fogo, enganando o incauto que a comprou, excitado com a maravilha. Perguntemos: na formulação do quarteto acima, Evilásio fez uso da lorota que repete dez vezes a cada entrevista, segundo a qual “o povo deve ser ouvido”? Quem do povo foi auscultado pelo novo quarteto para formar a possível chapa Evilásio-Jobson (Pouco provável Jobson-Evilásio)? A resposta está com o próprio Evilásio, que repetiu à exaustão: “fomos excluídos dentro dos nossos grupos, então resolvemos nos juntar para a disputa”. Nada mais sincero e revelador para explicar essa movimentação política: os nobres interesses eleitorais pessoais.
Obama do Agreste
Aqui também já foi repetido, à exaustão. Na campanha de 2016, Evilásio “cozinhou” a candidatura do então vice-prefeito Lero até as vésperas das definições. A ponto de constranger as próprias divindades cristãs nas igrejas católicas do município: de um lado do templo, Evilásio e seu grupo e do outro Lero e seus simpatizantes. Durante a campanha de 2020, na reeleição de Lero, dois fatos importantes explicam o atual e oportuno choro de Evilásio (“fui excluído”): primeiro, esnobou a possibilidade concreta de ser o vice na chapa Calabar e, para dar ao dono da camisaria o mesmo destino que teve a seleção feminina do Brasil, fez corpo mole na campanha. Não adiantou nada, o atual chefe da municipalidade se reelegeu “com moral”, sem ficar devendo favores ao “Nego Bom”. Foi o segundo grande erro de Evilásio. O terceiro ele cometeu agora, “vendeu barato o passe”, tendo um longo prazo para esperar que o cavalo selado passasse novamente na sua porta. Marco Maciel dizia, “quem tem prazo, não tem pressa”. O ex-prefeito optou pelo “quem se apressa, come cru”. Não faz o menor sentido o argumento da exclusão. Se fizer, o Santa Cruz pode dizer também para sua torcida que não perdeu, foi excluído.
José Pereira Coelho (Zeca): o único que tem um “mundial”
Na épica campanha de 1992, o forte candidato Calabar, saudoso doutor Aldeni, infelizmente, levou uma grande goleada nas urnas, diferente da disputa apertada de 1988, entre Mendes e Jânio Arruda. Este, terminando seu mandato e sem possibilidade de reeleição, lançou e elegeu o seu “poste”, Erivaldo Araújo”. Surpreendeu a vitória por mais de mil e quinhentos votos, numa mostra do poder que tem o apoio de um gestor bem avaliado, como Jânio na época. Um grande nome do grupo Calabar perdeu para um neófito na política, sem sequer repetir a performance de Mendes em 1988. E o”Golias” boca preta voltou em 1996, disputando a reeleição em 2000 contra... Zeca. Um vencedor improvável, que derrotou o poderoso Jânio, “raposa” azul sentada na máquina da prefeitura. A mística Calabar foi capaz de eleger o insípido Zeca. Mas, antes de concluir seu segundo mandato, o agora ex-secretário de agricultura foi “cassado” pelos mesmos personagens boca preta com os quais confraterniza hoje, como o ex-prefeito Erivaldo, por exemplo. Mesmo inelegível, Zeca viu sua esposa eleger-se e reeleger-se vereadora pelo grupo Calabar, enquanto ele próprio ocupava secretarias, numa mostra de que sempre foi respeitado e prestigiado. È tanto que agora, ao se juntar com aqueles que abreviaram o seu mandato, ocupava a importante pasta da agricultura, mesmo já vindo há tempos, constrangendo o prefeito com seus movimentos políticos, legítimos, mas ocupando um cargo de confiança. Antes tivesse tido a iniciativa de entregar a pasta. Agora, fica a pergunta ao ex-prefeito: tinham razão os adversários com seus argumentos em 2007? Se não, por que Zeca foi agora se juntar a eles? Assim como Evilásio não foi excluído, não faltou a Zeca prestígio e consideração dentro do”trosso”.
O novato Jobson
Sentindo o desejo de se lançar na política, militante do grupo Boca Preta, e, pelas palavras proferidas em entrevistas, querendo oferecer a Taquaritinga um salto de desenvolvimento, principalmente no turismo, o pré-candidato Jobson da Internet desencadeia seus primeiros passos políticos. Inicialmente procurando representar o que se convencionou chamar de “patriotas”, aproximando-se do deputado Abimael, imaginando que a onda de 2018-2020 se repetiria no próximo ano. Uma estratégia claramente equivocada. Consequentemente, sem ter o cuidado de tratar com o devido valor a figura do ex-prefeito Jânio Arruda, o eterno candidato do grupo Boca Preta, que na última disputa fez o adversário suar e temer um desacerto eleitoral em 2020. Para Jobson, seria hora de Jânio dar oportunidade a outro nome, para renovar e tentar derrotar o adversário Calabar. Tudo isso antes de vislumbrar um “chamego” eleitoral com o “velho”. E de repente aparece Jobson, ao lado de Evilásio e Zeca, admitindo inclusive apoiar o cavalo de tróia, Evilásio, como cabeça de chapa, reservando para si o que o “Obama” não quis em 2020. E agora, como vai olhar para Jânio? E como vai encarar o eleitorado fiel do seu grupo? Como é que um segmento político tem dois candidatos e vai lá no adversário buscar uma alternativa, que só aceitou o convite porque foi “excluído” de onde estava e teve a quase garantia de sentar na janelinha do avião? Jobson não se iluda, preste bem atenção no recado dado por Zeca, ao seu lado. Não terminou bem para o PSG colocar Neymar, Messi e Mbappé no mesmo grupo. A vaidade se impôs. Cenas dos próximos capítulos.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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