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domingo, 20 de agosto de 2023

Um TAC para a "gestão anterior", um TEC para o "novo tempo"

 

           No dia 24 de agosto de 2022, a prefeitura de Santa Cruz transferiu as aulas da escola Ivone Gonçalves para outro local até que os problemas estruturais  da unidade escolar fossem solucionados. Conforme matéria da prefeitura postada em sua página na internet, a "antiga gestão” havia assinado um "TAC" com o MP em 2018, comprometendo-se com uma reforma. Uma semana antes dessa mudança de local em 2022, a "equipe de engenharia" havia constatado "estrutura comprometida", depois de fazer uma vistoria, a pedido do prefeito. Vistoria que se estendeu a "todas as escolas", segundo o gestor.

           Agora, dia 17 de agosto último, a escola volta a ser interditada. Pergunta-se: a "estrutura comprometida" não foi reparada depois de, exatos, um ano? Se foi, voltou a ficar novamente "comprometida"? A prefeitura atribuiu, na época, a responsabilidade à gestão anterior de não ter cumprido o TAC assinado com o MP. O órgão não verificou o cumprimento do documento assinado? Se verificou, não percebeu alguma falha? Se não percebeu, qual a lógica de assinatura do TAC? 

              No programa Pinga Fogo, da quinta-feira, 17 de agosto último, o vereador Carlinhos da Conab explicou como o então secretário de educação, Joselito Pedro, cumpriu o TAC: mandou colocar gesso para ninguém ver a madeira podre. Mas, como a equipe de engenharia detectou em agosto passado que a "estrutura" estava "comprometida", se estava encoberta pelo gesso? Há um aparelho especial de ultrasson capaz de detectar pelo gesso, em baixo, ou pela telha, em cima? Acrescentando que o prefeito, na época, foi mais condescendente ao justificar que o peso das placas de gipsita sobrecarregaram a madeira do telhado. 

                E o mais absurdo com essa interdição de agora, aulas on line para os estudantes, até que a licitação seja feita, os possíveis recursos da licitação sejam julgados, a obra seja iniciada e concluída. Tomando os padrões de conclusão de obras atualmente como referência, pode-se supor que aulas presenciais, como muito otimismo, só em 2024. Pra coincidir com o pagamento da metade do aumento de 2023 dos professores. Sem um evento excepcional como a pandemia, é um absurdo inaceitável a volta às aulas "supostamente on line".

     Finalmente: ao receber o parecer da "equipe de engenharia", há um ano, o que a gestão fez para resolver o problema? Ou os alunos ficaram agora nesse primeiro semestre, com todas as chuvas que caíram na região, inclusive motivando decreto emergencial da prefeitura, debaixo do perigo constatado lá em agosto de 2022? A atual gestão tinha o TAC assinado pela gestão anterior (não cumprido, segundo o vereador), mais o parecer da "equipe de engenharia" e chegou-se a essa situação, não só do transtorno de realocar uma grande parte dos alunos, como também do absurdo das aulas virtuais, como no tempo da "gripezinha" mundial, que ceifou, só no Brasil, 700 mil vidas, incluindo perdas dolorosas para os santacruzenses. 

           O prefeito Fábio pode ser um gestor  bem intencionado, mas sua equipe lhe causa muitos constrangimentos. E a escola Ivone Gonçalves é apenas mais um deles, isso falando somente no setor educação. Como é mantida, deduz-se que o alcaide assume toda responsabilidade, administrativa e política, e fica, claro, sob o legítimo bombardeio oposicionista.  E não deve se zangar, não deve dar vazão à bílis e agredir os legisladores. È como num jogo de futebol. Não é o atacante o culpado pela goleada, mas a fragilidade da defesa. Não se dá "asa a lambu", se não, ele voa. Depois de um TAC, Termo de Ajustamento de Conduta para a "gestão anterior", é o caso de um TEC para a atual: Termo de Exigência de Conduta".


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza. 

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