Ontem, no fim da tarde estava em Pão de Açúcar, onde estavam, também, alguns expoentes da política de nossa região.
Estávamos todos reunidos para inaugurar o novo estúdio da “RÁDIO FILADELFIA”, cujas instalações não deixam nada a dever a uma rádio comercial. A FILADELFIA, como sabemos, é uma rádio comunitária.
Hoje estou eu em minha residência, já é noite, e acabei de assistir a um excelente documentário, sobre um jornal do Rio de Janeiro, intitulado de “O SOL”, que circulou nos anos sessenta. Nele se falava sobre o movimento de esquerda, que queria mudar o Brasil, o golpe militar de 64 e os anos de chumbo. O jornal, que circulava no Rio de Janeiro teve as suas portas cerradas após a edição do AI-5, em 68, conhecido como “o Golpe dentro do Golpe”.
Mas, o documentário trazia uma discussão sobre se a canção de CAETANO VELOSO - esse ícone da Música Popular Brasileira - intitulada “Alegria, Alegria”, teria sido inspirada no Jornal. É que um dos trechos dela diz: “O sol nas bancas de revista, me enche de alegria e preguiça, quem lê tanta notícia... eu vou, sem lenço e sem documento, nada no bolso ou nas mãos, eu quero seguir vivendo, de amor... Eu acho que é mais ou menos assim. Eu não sou muito bom de decorar letra de música, mas já fui um bom músico. Tocava sax-tenor e era dos bons. Já estou feito aquele velho que diz: “já fui bom nisso”...
Mas como estava dizendo, ao assistir o documentário lembrei de ontem à tarde/noite; lembrei do sonho falado pelo jovem ALBERES XAVIER, que enfrentou dificuldades para levar adiante o seu sonho, que era trazer uma rádio para Pão de Açúcar e aí está o sonho realizado: “ A Rádio Filadélfia”. Aquela época também era uma época de sonhos.
E, sinceramente, fiquei emocionado quando ALBERES, ao usar a Tribuna disse em alto e bom som que a emissora estava a serviço da comunidade de Pão de Açúcar, sem nenhuma vinculação política. Acredito que é isso que nós estamos precisando. De sonhar. Não podemos nunca perder a capacidade de sonhar, pois muito embora não estejamos mais vivendo naqueles anos de chumbo, sob o peso de uma ditadura militar, hoje vemos que o Poder Político – e falo isto de um modo geral – está corroído pela praga da corrupção, onde o que importa para alguns é, no mais das vezes, tirar proveito para si, das vantagens que esse mesmo poder pode oferecer.
Não importa se a música de CAETANO VELOZO foi, ou não, composta em homenagem ao Jornal. O que importa é que graças a DEUS hoje não precisamos nos esconder sob o anonimato para divulgar as nossas idéias, muito embora no mais das vezes sejamos calados, momentaneamente, pelo poder da corrupção. Graças a DEUS vivemos uma democracia que, se ainda não é plena, posto que tem sido bombardeada por essa praga (falo da corrupção, claro) ao menos nos dá oportunidade de expressar a nossa opinião. Na FILADÉLFIA eu tenho essa liberdade.
Mas se você, que me lê, não conhece essa canção recomendo que procure ouvi-la. Ela é linda e ainda continua atual.
Parabéns, ALBERES, continue a alimentar o seu sonho e conte com a minha simpatia e com a minha amizade.
A “Rádio Filadelfia” hoje já não é mais um sonho. E vamos ver se um outro sonho seu e de muitos amigos nossos se realiza muito em breve: Pão de Açúcar Livre!
Livre de verdade!
Apenas para finalizar, esclareço que se tivesse sido o compositor da música (vejam só a minha pretensão), teria colocado como título o mesmo desse artigo. Condiz mais com a realidade daquela época.
Um abraço a todos.
*PAULO ROBERTO DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de Procurador Federal.
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