A Delta Construções S/A. empresa envolvida na CPI do bicheiro Carlinhos
Cachoeira nasceu em terras pernambucanas e cresceu, 50 anos atrás, à
sombra de obras do governo pernambucano. Fernando Cavendish Soares, o
afastado Presidente do Conselho de Administração da Delta, é filho de
um dos fundadores da empresa e nasceu em Recife em 17 de junho de 1963
Foto: Divulgação
Canteiros de obra da Delta espalhados pelo território pernambucano, a maioria realizando obras do PAC
Canteiros de obra da Delta espalhados pelo território pernambucano, a maioria realizando obras do PAC
Segundo o jornalista Giovanni Sandes, em matéria publicada neste domingo, no Jornal do Comércio, “Pernambuco é a terra da Delta”, pois a construtora que nasceu por aqui, e desde suas origens , tem um vínculo antigo e entranhado com o poder público em Pernambuco. A empreiteira só virou a sexta maior do Brasil porque, há 50 anos, foi adotada pela extinta Telecomunicações de Pernambuco (Telpe). Décadas depois, em meio ao atual escândalo em que está envolvida, Pernambuco aparece como um importante contratador num destacao capítulo dessa história.
A empreiteira é acusada de cometer irregularidades graves por Controladoria Geral da União (CGU), Tribunal de Contas da União (TCU) e Polícia Federal. Além de estar na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
”Curioso é que tudo só está aparecendo agora, depois do crescimento meteórico da Delta, maior executora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 2007 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”
A Delta Construções foi montada por ex-servidores do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, entre eles o engenheiro pernambucano, Inaldo Soares, pai do atual presidente do conselho de administração da Delta, o recifense Fernando Cavendish.
“Em seus primeiros trabalhos, um grupo de quatro a cinco pessoas saía diariamente em um caminhão de material pré-misturado, conhecido como asfalto frio, para tapar buracos nas estradas próximas, prestando serviços ao governo estadual. Anos depois, a partir do contrato firmado com a Telpe, operadora de telefonia do Estado, a Delta teve seu primeiro grande impulso para o sucesso. Em um período de cinco anos, realizou obras em praticamente todos os bairros de Recife e em quase todo o Estado de Pernambuco”, registra a própria Delta, no documento dos seus 50 anos de existência.
Foto:Divulgação Alerj
A Delta estava no consórcio que reformava o Maracanã, afastou-se após o escândalo
A Delta estava no consórcio que reformava o Maracanã, afastou-se após o escândalo
Com
o tempo, sob o comando de Cavendish, em 1994, a empresa decidiu
estender seus tentáculos para além de Pernambuco e do Nordeste, mudando
sua sede e seu foco para o Rio de Janeiro, atrás de contratos federais,
como os da Petrobras.
Sua participação em Pernambuco foi inexpressiva por um período, comparada com a sua atuação no resto do país. Nos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), ela obteve modestos contratos no valor de R$ 5,5 milhões.
Mas com o surgimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), gestado em 2007, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da então Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff a Construtora saltou de um faturamento com o estado de Pernambuco, de R$ 2 milhões, em 2005, para R$ 105 milhões, ano passado.
Segundo Giovanni Sandes, o governador Eduardo Campos demorou muito a se preocupar com o escândalo que envolvia a Delta, e só “anunciou a abertura de uma auditoria especial nos contratos da empreiteira com órgãos das Secretarias de Transporte e Cidades depois da ampliação das denúncias envolvendo a Delta. Porém, conforme revelou o JC, a auditoria poderia começar pelo Canal do Jordão, no Jordão Baixo. A obra já recebeu nove aditivos e, segundo o governo, ficará pronta este mês. Porém, as imagens e a população mostram outra coisa: uma construção de péssima qualidade e com aspecto de desgaste.
Problemas nas obras da Delta não são exatamente novidade. Ela é responsável, por exemplo, do lote 6 da transposição do Rio São Francisco, em Mauriti, Ceará, o trecho do canal que ficou famoso no Brasil por ter placas quebradas onde a obra supostamente estaria acabada.
O problema é que, muito antes de Pernambuco anunciar a abertura de uma auditoria especial pela Controladoria Geral do Estado, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou irregularidades graves na duplicação de 50 quilômetros da BR-104, realizada por um consórcio da Delta com a Queiroz Galvão e Galvão Engenharia. A obra começou em dezembro de 2008, programada para terminar em janeiro de 2011, mas está prometida para dezembro deste ano.
O contrato desta obra é problemático desde a licitação. Segundo o TCU, o consórcio recebeu R$ 3,2 milhões a mais do que o devido, entre outras irregularidades graves: critério de medição inadequado, sobrepreço por quantidades erradas e duplicidade, mudanças relevantes de tipo e qualidade de materiais, ausência ou inadequação de prestação de contas e até inexistência de aditivo formalizado.
Sua participação em Pernambuco foi inexpressiva por um período, comparada com a sua atuação no resto do país. Nos governos Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (DEM), ela obteve modestos contratos no valor de R$ 5,5 milhões.
Mas com o surgimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), gestado em 2007, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da então Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff a Construtora saltou de um faturamento com o estado de Pernambuco, de R$ 2 milhões, em 2005, para R$ 105 milhões, ano passado.
Segundo Giovanni Sandes, o governador Eduardo Campos demorou muito a se preocupar com o escândalo que envolvia a Delta, e só “anunciou a abertura de uma auditoria especial nos contratos da empreiteira com órgãos das Secretarias de Transporte e Cidades depois da ampliação das denúncias envolvendo a Delta. Porém, conforme revelou o JC, a auditoria poderia começar pelo Canal do Jordão, no Jordão Baixo. A obra já recebeu nove aditivos e, segundo o governo, ficará pronta este mês. Porém, as imagens e a população mostram outra coisa: uma construção de péssima qualidade e com aspecto de desgaste.
Problemas nas obras da Delta não são exatamente novidade. Ela é responsável, por exemplo, do lote 6 da transposição do Rio São Francisco, em Mauriti, Ceará, o trecho do canal que ficou famoso no Brasil por ter placas quebradas onde a obra supostamente estaria acabada.
O problema é que, muito antes de Pernambuco anunciar a abertura de uma auditoria especial pela Controladoria Geral do Estado, o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou irregularidades graves na duplicação de 50 quilômetros da BR-104, realizada por um consórcio da Delta com a Queiroz Galvão e Galvão Engenharia. A obra começou em dezembro de 2008, programada para terminar em janeiro de 2011, mas está prometida para dezembro deste ano.
O contrato desta obra é problemático desde a licitação. Segundo o TCU, o consórcio recebeu R$ 3,2 milhões a mais do que o devido, entre outras irregularidades graves: critério de medição inadequado, sobrepreço por quantidades erradas e duplicidade, mudanças relevantes de tipo e qualidade de materiais, ausência ou inadequação de prestação de contas e até inexistência de aditivo formalizado.
Foto: Pedro Romero/JC
Denuncia de fratura no asfalto e precariedade no acostamento, na parte concluída e ainda não inaugurada da BR 104, próximo a Caruaru
Denuncia de fratura no asfalto e precariedade no acostamento, na parte concluída e ainda não inaugurada da BR 104, próximo a Caruaru
O
Tribunal multou gestores do Departamento Estadual de Estradas de
Rodagem (DER-PE) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), determinou redução do contrato de R$ 308 milhões
para R$ 304 milhões e a repactuação de mais R$ 14 milhões nos itens
irregulares.
O surpreendente é que mesmo depois dessa intervenção saneadora do TCU, os custos da obra continuaram subindo, pelas últimas divulgações ela vai acabar custando R$ 353 milhões, R$ 49 milhões a mais que previu o calculo do TCU.
Segundo a Secretaria de Transporte, os aditivos atendem “às cláusulas contratuais de atualização financeira e prorrogação de prazos.”, informou a matéria do Jornal do Comercio. Ah! Tá!
Isso sem contar, que segundo o levantamento do Contas Abertas, a obra pela qual a Delta recebe o maior montante de recursos do governo federal é a de integração do Rio São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas e Açu e Apodi, na região nordeste. A ação é desenvolvida pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, que tem a frente o ministro pernambucano, Fernando Bezerra Coelho. Nessa iniciativa, já foram pagos este ano 16,4 milhões de reais à empreiteira.
O surpreendente é que mesmo depois dessa intervenção saneadora do TCU, os custos da obra continuaram subindo, pelas últimas divulgações ela vai acabar custando R$ 353 milhões, R$ 49 milhões a mais que previu o calculo do TCU.
Segundo a Secretaria de Transporte, os aditivos atendem “às cláusulas contratuais de atualização financeira e prorrogação de prazos.”, informou a matéria do Jornal do Comercio. Ah! Tá!
Isso sem contar, que segundo o levantamento do Contas Abertas, a obra pela qual a Delta recebe o maior montante de recursos do governo federal é a de integração do Rio São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas e Açu e Apodi, na região nordeste. A ação é desenvolvida pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica do Ministério da Integração Nacional, que tem a frente o ministro pernambucano, Fernando Bezerra Coelho. Nessa iniciativa, já foram pagos este ano 16,4 milhões de reais à empreiteira.
Foto: Divulgação
O recifense Fernando Cavendish Soares, 49 anos, filho de Inaldo
Soares, fundador da Delta Construções, é formado em Engenharia Civil
pelas Faculdades Integradas Veiga de Almeida do Rio de Janeiro. Desde 1º
de dezembro de 1990 foi admitido como Presidente do Conselho de
Administração da Delta Construções S/A.
Segundo o site da Delta, durante sua gestão, a Delta foi responsável por diversas obras em distintos segmentos da engenharia e construção por todo território nacional. Foram feitas obras em rodovias estaduais e federais, na construção do Estádio Engenhão, e atualmente a reforma do Maracanã. Depois das denuncias de envolvimento da empresa com Carlinhos Cachoeira e de aparecer dançando agachado com o governador Sérgio Cabral num farra em Paris, Cavendish resolveu afastar-se da direção da empresa e até já negocia a sua venda. Acuada pelas denúncias, a Delta já começou um movimento de abandono de grandes obras, como a sua participação nos consórcios que tocam a reforma do Maracanã, a construção da TransCarioca e do polo petroquímico de Comperj. Com 25 mil empregados diretos e 5 mil indiretos, a empresa tenta agora evitar o efeito dominó que atingirá outros projetos. Segundo o Blog de Josias de Souza: “Após deixar a presidência da Delta Construções, Fernando Cavendish decidiu vender a empresa. A operação que resultará na transferência do controle acionário encontra-se em avançado estágio de negociação.Participa da operacionalização do negócio Henrique Meirelles, o ex-presidente do Banco Central nos dois governos de Lula. |
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