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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A MÚSICA COMO UM ESPELHO


Certa vez, de forma espontânea, coloquei para meus alunos que a música que você gosta pode ser um reflexo daquilo que você vive e presencia. Resumindo na célebre frase de meu irmão Marcos: “Me dizes que músicas tu ouves, que eu te direi quem és”. 

Uma pessoa que nasceu e vive no campo, terá mais apego a coisas relativas a esse ambiente em nasceu e vive. Ou seja, você gostará das músicas que abordam aquilo que você se identifica. Você quer que um senhor de 60 anos que nasceu e viveu na roça, goste de Heavy Metal? Você quer que um adolescente, que vive na zona urbana, imerso em bailes e baladas, seja um exímio fã de Luís Gonzaga, Chico Buarque ou Elis Regina? Alguém deve está pensando: “grande novidade, você descobriu! É claro que só gostamos daquilo que nos identificamos!”. Mas na verdade o que estou defendendo é que sua preferência musical é determinada por aquilo que você vive e presencia.

Eu sei que isso também talvez não seja nenhuma novidade. Mas meu ideal é que o leitor reflita um pouco sobre a qualidade das músicas, que recorrentemente tem sido temas de debates. Já não se fazem mais músicas como antigamente, afirmam alguns indignados. Hoje o corpo da mulher é tratado como mercadoria, a vulgaridade está presente em muitas letras. Alusão a sexo com menores, depreciação das mulheres, entre outras coisas estão presentes em muitas músicas que fazem estrondoso sucesso. 

O “tche tche tche”, o “lê lê lê” e o “eu quero tchu, eu quero tcha” , incomodam muita gente. O que atualmente é denominado forró tem entre seus representantes nomes Aviões do Forró e Garota Safada. Se essas músicas e bandas engrandecem o uso excessivo de bebidas alcoólicas, se são machistas ao extremo e se as letras são pobres, é por que é isso é o que nossa sociedade tem feito e sido: engrandece e propaga o uso excessivo de bebidas alcoólicas, é machista e sem criatividade para produzir letras criativas e sem tanta rima pobre. Por exemplo: em muitas desses forrós descartáveis, o homem sai pra farra, arruma um monte de mulher e ainda chega bêbado em casa, ignorando sua esposa e seus filhos. Olhe a sociedade a sua volta. Ela é exatamente isso! Se a sociedade condenasse isso veementemente, essas músicas fariam tanto sucesso? Dificilmente. Imagine uma banda que fizesse apologia ao estupro. Sem sombra de dúvida, seus integrantes seriam apedrejados. 

Não adianta apenas criticar tais músicas. Uma suposta melhora nas músicas atuais, implicaria uma mudança na forma como as pessoas vivem. Você criticaria uma adolescente de 15 anos que curte músicas que fazem apologia a prostituição e ao crime, sabendo que ela vive num ambiente tomado pelo tráfico, bailes regados a drogas, prostituição infantil, educação deficiente e rotineiros atos de violência? Uma sociedade mais instruída, com uma educação eficaz e com menos desigualdade social, implicaria em novos rumos para nossa música.

Sim, há falta de criatividade em muitas músicas. Agora devemos nos fazer a seguinte pergunta: existem pessoas sem criatividade por que existem músicas sem criatividade ou existem músicas sem criatividade por que existem pessoas sem criatividade? Lógico que existem pessoas geniais fazendo verdadeiras lambanças. Mas é comum haver um interesse financeiro por trás. Ou seja, o consumismo e o sistema que imputa a obrigação de lucrar, influenciam a qualidade da música.

Para mudar a música, as pessoas é que devem mudar. A música apenas reflete o que elas são. Cada árvore produz seu fruto específico. Não adianta esperar que uma laranjeira produza morangos.

(Carlos Wilker)

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