Após perder o Ministério da Educação para o Pros, o PT busca compensação com ocupação dos cargos de escalão intermediário. O PMDB crispado exige ocupar pelo menos as poltronas que pendem do organograma dos seus ministérios. O PP perdeu o Ministério das Cidades para PSD. Acomodado na pasta da Integração Nacional, reivindica o comando da Codevasf, da Chesf e até do Banco do Nordeste. O PR que reconquistou a pasta dos Transportes, quer também o Dnit e a Valec.
Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara
LOTEAMENTO - A Esplanada dos Ministérios em Brasília.
Dilma Rousseff concluiu na véspera da posse a escolha dos seus 39
ministros. Mas o espírito de bazar continua pairando sobre Brasília.
Insatisfeitos com tudo, os partidos querem mais. Pleiteiam, pedem,
exigem posições no segundo escalão das pastas. Num momento em que a
presidente renova seu compromisso de transformar o Brasil, o Brasil
inabalavelmente igual, país das transações espúrias e das negociatas,
esforça-se para se impor.
Julgando-se prejudicado, sobretudo com a perda do Ministério da Educação
para Cid Gomes (Pros), o PT faz um mapeamento dos cargos de escalão
intermediário em Brasília e nos órgãos federais com representação nos
Estados. Logo apresentará a sua lista. Que incluirá posições em pastas
controladas por outros partidos.
O PMDB farejou no movimento dos petistas um cheiro de queimado. E exige
ocupar pelo menos as poltronas que pendem do organograma dos seus
ministérios. Por exemplo: na pasta da Aviação Civil, a bancada do PMDB
da Câmara quer indicar o presidente da Infraero. Na Agricultura, quer
comandar a Embrapa. De resto,deseja tirar o PTB da Conab.
Engolfado pelo petrolão, o PP perdeu o orçamento do Ministério das
Cidades para PSD de Gilberto Kassab. Como prêmio de consolação, foi
acomodado na também cobiçada pasta da Integração Nacional. Ainda assim,
para afastar o risco de ser infiel nas votações do Congresso, a legenda
reivindica o que se convencionou chamar de “porteira fechada”. Exige o
comando da Codevasf, da Chesf e até do Banco do Nordeste. No mesmo
diapasão, o PR quer, depois da reconquista da pasta dos Transportes, a
reocupação do Dnit e da Valec.
Para infelicidade geral, o escândalo da Petrobras ainda não produziu
ensinamentos. Ao compor um “novo” ministério convencional e loteado,
Dilma sinalizou que continua admitindo uma dose de clientelismo e
fisiologismo no seu governo. Com isso, estimulou os partidos a tirar
novas lascas do Orçamento da União. O problema não está apenas em quem
pede. Começa em quem admite os pedidos. Os partidos apenas jogam o jogo.
Até o próximo rombo.
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