São Paulo, palco, ontem, da maior manifestação de rua contra o Governo Dilma, surpreendeu o País com uma multidão vestida de amarelo e verde, de cara pintada e faixas pedindo o impeachment da presidente. O clima de revolta contra a roubalheira e a multidão entusiasmada derrubam o discurso da fraca oposição, de que o momento não comporta o afastamento de Dilma.
O Governo subestimou a capacidade de mobilização das pessoas pelas redes sociais. Mais de 1 milhão de almas vivas não sairiam às ruas sob o chamariz de algum partido ou o do conjunto da oposição. O ato foi soberano da sociedade e lembrou muito o que aconteceu no País em junho de 2013.
Lembrou, igualmente, a campanha das diretas, em 1984, cujo diferencial eram os grandes comícios em São Paulo, Rio, Belo Horizonte e outras capitais, com políticos respeitados nos palanques, como Ulysses Guimarães, o Senhor Diretas, Tancredo Neves, Mário Covas, Brizola, Arraes e Lula, este muito mais como líder sindical.
O serviço secreto de Dilma já havia avisado que a população estava disposta a ir às ruas, tanto que, por ordem expressa da presidente, nenhum ministro saiu de Brasília no fim de semana. Muitas capitais atraíram menos gente do que esperava. Isso, entretanto, pouco importa.
O termômetro para medir a temperatura política do ato foi São Paulo, maior centro urbano do País, coração da economia, referência para a mídia internacional, que destacou em chamadas online o verdadeiro arrastão que ocorreu na capital paulista. Acuado, o Governo, através das suas eminências pardas que consolam Dilma, interpretou a manifestação como algo exclusivo da classe média, um terceiro turno, sem presença de povo.
O Planalto se preocupou em monitorar o perfil dos manifestantes, para encampar a tese de que o movimento é socialmente segmentado, mobilizando muito pouco os mais pobres. Se o grito das ruas pode levar ao impeachment isso ainda leva um caminho muito grande, mas o fato é que o Governo vai reagir.
Dilma deve mudar rapidamente sua agenda, saindo da defensiva e buscando adotar medidas que atendam às necessidades da população, que se sentiu traída com as medidas de arrocho, incluindo o aumento de juros, da energia e dos combustíveis. É possível que apresente de imediato um pacote anticorrupção.
Uma promessa de campanha, aliás, até hoje esquecida. Isto, por sinal, é uma crítica feita pela própria equipe de Governo, de que o Palácio do Planalto ficou preso à agenda do ajuste e não teve celeridade para gerar concretamente notícias positivas.
Por Magno Martins
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