Há mais de um ano atrás, precisamente no dia 19 de abril de 2022, o deputado Diogo Morais anunciou a data da licitação da reforma e cobertura da Central de Feiras e Mercados de Santa Cruz do Capibaribe, garantindo que o “dinheiro estava em caixa”. Foi uma das várias “peruas” que o Governo Paulo Câmara impôs ao deputado. A cidade teria finalmente um local descente, limpo e confortável para comerciantes e consumidores. De fato, em 27 de setembro, os feirantes foram convidados a sair para outro local, sem uma reunião prévia para ouvi-los, para colher sugestões, conforme solicitou o MPPE, na época, que pediu também transparência com os dados da obra, uma coisa óbvia para qualquer gestor.
A mudança, goela abaixo, para o atual local, o Cabana Clube, muito prejudicou os comerciantes porque perderam o principal atrativo de um estabelecimento comercial, a localização estratégica à margem da PE 160, ou seja, com o grande fluxo de carros e de pessoas, os feirantes eram “vistos” e as vendas estimuladas pelas paradinhas rápidas dos passantes, além da clientela tradicional e fiel. Some-se a isso, a péssima localização do Cabana Clube, reclamações de falta de segurança e estrutura mínima para a comercialização. O local é tão desfavorável aos feirantes, que certamente preferiam ficar nas ruas adjacentes à Central, até que o dinheiro “no caixa” fosse finalmente liberado e a obra concluída.
A Central de Feiras e Mercados é apenas um dos muitos micos administrativos do prefeito Fábio. Outras obras “eternas” estão à espera de um empurrão antes que o ano vire e descambe para o período eleitoral, época onde os gestores, desesperados, promovem um festival de demagogia, para tentar angariar a simpatia do eleitor. Nesse quesito, a Central é um exemplo perfeito. Pompas e circunstâncias para anúncio da licitação e início da obra, pertinho da eleição, mas já se vão sete meses e o que tem lá são apenas tapumes escondendo a ineficiência, ou do prefeito, ou do governo que representava e apoiou, ou dos dois. Tem também uns buracos feitos pelas máquinas para simbolizar o reinício da obra, e, claro, vídeos e postagens nas redes sociais, numa tentativa desesperada de sair das “cordas”. E o gestor não pode reclamar de um aliado, nem pode tirar seu corpo da reta e explicar o que significava “dinheiro na conta”. È o conhecido “se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come”.
Agora, coincidência ou não, depois que a Câmara Municipal anunciou uma audiência pública para discutir o problema e, finalmente, para ouvir os principais interessados, os feirantes, o prefeito anuncia que a governadora Raquel lhe estendeu uma boia de salvação. Ou seja, o “dinheiro na conta” vai receber um novo despachante, uma nova despachante, a governadora, e finalmente, atenuar o constrangimento administrativo do prefeito, pelo menos nessa obra. E por falar em constrangimento, foi embaraçosa a presença do secretário de desenvolvimento econômico na audiência. Teve de assistir praticamente calado o desabafo indignado dos comerciantes. E, conforme foi dito, o secretário nem pode alegar jogo combinado para constrangê-lo, já que, é sabido, o prefeito teve a simpatia eleitoral de muitos deles.
A câmara Municipal e a oposição fizeram o seu trabalho para o qual foram eleitos. Esperemos que dessa vez a retomada das obras não seja mais um “pirulito” pra fazer a criança parar de chorar. Até porque, dessa fez, nem um saco de bombom vai ser distração para a incompetência. Seria até oportuno o prefeito se reunir com os feirantes e lhes perguntar: querem continuar aqui, no sacrifício, ou querem botar suas banquinhas no entorno da Central? Pelo menos atenuaria seu principal problema, a perda de vendas. Com boa vontade, dá para fazer essa adaptação. Sem falar no volume de dinheiro público gasto com o aluguel do clube, medida que o prefeito criticava na gestão anterior. Agora, a realidade desnuda suas promessas e críticas. Que a retomada da reforma e cobertura da Central saia o mais rápido possível, que o acordo com Raquel não seja mais uma promessa. Dizem que a história se repete como farsa. Que não seja o caso. Acima das querelas políticas está o bem estar dos feirantes, dos consumidores e da cidade como um todo, porque comércio é renda, renda é mais uma máquina no cantinho da casa, produzindo confecção barata e de qualidade, para o Brasil inteiro.
Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.
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