As melhores marcas anunciam aqui

As melhores marcas anunciam aqui

terça-feira, 12 de setembro de 2023

ROMANCE DE ESCRITOR GARANHUENSE ESCANCARA HORROR DA ERA MÉDICI

 Mário Rodrigues, escritor garanhuense, publicou recentemente um livro ousado, que trata da ditadura militar no Brasil na sua fase mais brutal: quando do governo do general Garrastazu Médici.

Sem abrir mão de fazer boa literatura, evitando o proselitismo político, Mário produziu um texto duro, direto, sem rodeios. Em algumas páginas, parece que o sangue jorra na cara do leitor.

Temos a sensação de ter levado um soco, o estômago embrulha, dá vontade de parar ou de ler tudo de uma só vez, para saber como afinal termina a história.

"O Motorista de Médici", este o título do romance do escritor natural de Garanhuns, é sobre tortura, execução dos "comunistas" e inimigos da pátria,  pelos agentes da repressão.

O personagem chave é Abel Rodrigues de Lima, de codinome “Cabo Foguinho”, que saiu das fileiras do Exército Brasileiro para integrar o Doi-Codi, órgão que comandou a barbárie no Brasil,  após o golpe de 1964.

Incrível é que a história é narrada por um sobrinho do torturador. Quando jovem, amava o tio, tinha por ele admiração. Só veio descobrir o "monstro" muito tempo depois, quando ele estava acabado, decadente, sem que os serviços prestados à ditadura tenham lhe deixado rico ou com a consciência e paz.

Não é um livro fácil de ler por reabrir as feridas, por descortinar o horror do que foi o governo do general Médici. Mas é necessário, num país que até o ano passado era comandado por um fascista admirador do regime de 64 e de torturadores.

Por sinal, no livro de Mário Rodrigues, personagens reais e fictícios se misturam, com citações a esquerdistas e direitistas, como Dilma Rousseff, uma das torturadas pelo governo militar, e o delegado Fleury, que foi um dos agentes brutais do regime.

Mário Rodrigues não é um estreante, já publicou diversos livros, como "Receita Para se Fazer um Monstro", publicado pela editora Record e vencedor do Prêmio Sesc de Literatura de 2016.

Em "O Motorista de Médici" o autor não abre mão de referências a Garanhuns e cidades do Agreste (Canhotinho é a terra natal de Abel), Recife, São Paulo, fazendo como que um mosaico do Brasil dos anos 70.

Da época em que o povo comemorou o tricampeonato mundial de futebol, enquanto o pau comia nos porões do regime.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Por favor, registrar E-mail