Um político de lado
Ao saber da morte de Mendonção, ontem, em Palmas, onde passei o feriadão, me veio à lembrança seus imperdíveis almoços que oferecia às quartas-feiras, em Brasília, quando deputado federal. Anfitrião de mão cheia, o ex-deputado era também uma fonte inesgotável para os repórteres que cobriam o Congresso, porque embora não gostasse de estar na mídia, entendia de bastidores como ninguém.
Com jeito e estilo de cacique, o velho tinha também uma memória privilegiada de fatos da cena nacional e, particularmente de Pernambuco, onde ingressou na vida pública pelas mãos do ex-governador Paulo Guerra. Mendonção era um ladrão de afetos, um sedutor, apaixonado pela política.
Em 30 anos de batente, nunca conheci um político tão afirmativo e corajoso, para tomar atitudes e dizer o que vinha à sua cabeça, mesmo que se arrependesse depois. O que mais admirava nele, no entanto, era a sua coerência. Político tem que ter lado, não pode ser uma Diana de pastoril.
Mendonção passou a vida inteira na vida pública em um só lado. Tanto que recusou convite de Miguel Arraes para sair candidato a senador em 86. Não é fácil falar de Mendonção em apenas 15 linhas, mas não poderia encerrar sem fazer referência às duas maiores paixões de sua vida: Belo Jardim e a família.
Coluna copiada da Folha de Pernambuco, escrita por Magno Martins;
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