A Imprensa não pode estar acima do bem e do mal. Jornais, revistas,
rádio, televisão e internet desempenham um papel importante na
sociedade, mas de forma nenhuma os veículos de comunicação podem fazer o
que quiserem, agir de má fé ou com desonestidade.
Uma coisa é tomar uma posição, assumir um lado ou uma causa. Outra
muito diferente é obter informações de maneira ilegal, mentir, distorcer
ou fabricar fatos.
Em muitos países democráticos existe um controle ou regulamentação da
Imprensa. No Brasil toda vez que se fala nisso se vem com o argumento de
que estão querendo restringir a liberdade ou censurar. Conversa de quem
quer manter os privilégios ou atender determinados interesses.
Ora, se existe o CREMEPE para fiscalizar os médicos, o CREA, atento ao
exercício da profissão pelos engenheiros e a OAB de olho no que fazem os
advogados, por que jornalistas, rádios, emissoras de TV, jornais e
internet não podem ter um Conselho que exerça algum tipo de controle?
Por falta de uma entidade que fiscalize a Mídia, se estabeleceu na
Grande Imprensa brasileira, de um dia desses para cá, uma guerra entre
alguns importantes veículos de comunicação.
A Revista Veja, implicada nos escândalos do contraventor Carlos
Cachoeira, está ameaçada de ser chamada para depor na CPI que investiga
os negócios do marginal. O pensamento de alguns congressistas é convocar
para depor o empresário Roberto Civita, proprietário da Editora Abril, e
o repórter Policarpo Júnior.
Numa atitude corporativista, outros órgãos da Grande Imprensa – a
exemplo de O Globo e Folha de São Paulo, estão solidários à Veja e
contra essa convocação para a Comissão Parlamentar de Inquérito.
Blogueiros independentes, a Revista Carta Capital e a Rede Record de
Televisão, contudo, assumiram uma posição diferente, como que querendo
detonar a revista do Grupo Abril.
A Carta Capital está fazendo marcação cerrada na concorrente Veja,
denunciando de forma muito objetiva seus desvios e suas ligações com os
atos criminosos de Cachoeira e do senador Demóstenes Torres.
A TV Record, numa reportagem recente, mostrou também de uma forma muito
clara as ligações ilícitas entre a revista semanal mais lida do país e o
bicheiro que está na cadeia.
Pelo que se vê na matéria da televisão, Carlos Cachoeira era
praticamente um editor da Veja. Passava a informação e ainda dizia:
“isso aí deve sair na página tal, em seção tal...”.
Um verdadeiro escândalo. Na Inglaterra, algo parecido aconteceu e o
empresário das comunicações de lá entrou pelo cano e teve jornalista até
que foi parar na cadeia.
É preciso que fique claro que bandido existe em qualquer
lugar ou profissão. Acredito que a maioria dos médicos, dos advogados, dos engenheiros,
dos radialistas e dos jornalistas sejam honestos e exerçam sua profissão
pensando não apenas em ganhar dinheiro, mas também em ser útil de alguma
maneira à sociedade.
Infelizmente, em qualquer uma dessas profissões citadas
existem também os desonestos, os mal intencionados, os que estão interessados
só em se servir ou atender interesses de uma minoria já privilegiada.
O que se deve fazer para fortalecer a democracia brasileira
e tornar o pais ainda mais justo é exatamente acabar com os privilégios. Voltamos
ao que escrevemos lá em cima: “ninguém deve estar acima do bem e do mal”.
Jornalistas, políticos, juízes, artistas, comerciantes, vendedores, garçons,
publicitários, nutricionistas, enfermeiros, funcionários públicos... Qualquer
um desses ou de outros profissionais citados devem ter o mesmo tratamento.
Quem andar na linha, trabalhar direito, vamos aplaudir. Aquele
que comete um crime, prejudicando a sociedade e o país, que seja punido pela
Justiça, conforme o delito que praticou.
Muitos, por falta de maior informação, confundem tudo e
querem nivelar por baixo os políticos, os profissionais de comunicação e
trabalhadores de outras áreas.
É preciso critério para julgar e quem está mais habilitado a
fazer isso são os juízes, pessoas a serviço do Estado que se preparam uma vida
para exercer suas funções.
Nós jornalistas temos a obrigação de se informar e repassar
os fatos à população. E todos – trabalhadores de comunicação, políticos, juízes,
população em geral – devemos sobretudo ser honestos e ter uma qualidade chamada
bom senso.
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