Jarbas, Marcos Freire, Lula e Arraes.
Quando se fazia oposição de peito aberto
Oposição sem ódio e sem medo.
O saudoso Marcos Freire, quando se elegeu senador por Pernambuco, em 1974, pelo PMDB, enfrentando o candidato da ditadura, criou a frase que ficou famosa: “Sem ódio e sem medo”.
Tinha tudo a ver com os autênticos do partido comandado por Ulisses Guimarães, que lutavam pela volta da democracia ao país. Marcos Freire, Ulisses, Alencar Furtado, Marcos Cunha, Jarbas Vasconcelos, Pedro Simon e tantos outros fizeram história.
A oposição, naqueles tempos, se fazia com orgulho, com coragem, sem ódio e sem medo como pregava o slogan.
O MDB cumpriu um papel importante no Brasil e depois virou PMDB, hoje um verdadeiro “saco de gatos” muito diferente daquele grupo aguerrido que denunciava torturas, mortes e todo tipo de violência praticado pelo Governo.
Na década de 80 surgiu o Partido dos Trabalhadores. Fez uma oposição cerrada ao regime, se aliou ao MDB e PMDB em alguns momentos, ganhou a opinião pública pelas posições éticas, decepcionando profundamente milhões quando chegou ao poder. Por conta do mensalão e outros escândalos, alianças à direita e a convivência com figuras abjetas da política brasileira, a exemplo de José Sarney e Renan Calheiros. Hoje, por ironia do destino, esses dois estão filiados ao PMDB, filho do MDB de tantos homens de bem.
Aqui em Garanhuns, alguns poucos também enfrentaram a Arena e os militares, fazendo oposição sem medo de mostrar a cara. Humberto de Moraes, Pedro Hugo, Ivan Rodrigues, Marlos Duarte, Amaro Costa, Cristina Tavares, José Hilton, Zito Santos, Pedro Leite, José Cardoso, Luís Souto Dourado e tantos outros que fizeram história no município e região.
Fazer oposição é do regime democrático. Defender os pequenos, apoiar as causas sociais, apontar erros dos governos sempre foi um papel importante dos verdadeiros oposicionistas. Dos que lutam por ideais, por um projeto político coletivo, dos que fazem a opção pelos interesses da maioria.
Pedro Eurico e João Paulo, ambos no Recife, exerceram mandatos importantes no Legislativo e Executivo por sua luta na base. O petista, que governou a capital pernambucana oito anos, estava junto nas greves, incitava os trabalhadores, apanhou da polícia e foi preso.
Isso de peito aberto, filmado e fotografado, imagens exibidas pelo próprio João Paulo com orgulho.
Aqui, infelizmente, se quer fazer uma oposição meio que envergonhada. Quando se diz, por exemplo, que o vereador Sivaldo Albino estimulou um protesto de ambulantes contra o prefeito Izaías Régis alguns ficam abespinhados, como querendo negar a evidência dos fatos.
Ora, Sivaldo não fez nada de feio, ele apenas cumpriu seu papel de oposicionista, de querer apontar falhas no Governo Municipal.
É um direito seu como parlamentar estar nas ruas e assumir suas posições. Deve fazer seu trabalho “sem ódio e sem medo”, com pregava o velho MDB e também “sem medo de ser feliz”, como cantavam os petistas na campanha de 1989.
Chega de hipocrisia e de oposição envergonhada. O vereador está com os ambulantes do centro, com os comerciantes do Pop Shop e outros setores insatisfeitos com a atual administração. Ele tenta se firmar como o anti-Izaías pensando em voos maiores: a eleição de deputado em 2014, a disputa pela prefeitura em 2016.
Esse é o jogo. A questão é fundamentalmente política e não é preciso usar disfarces.
Cabe ao político escolher seu caminho, se expor publicamente como governo ou oposição.
Já a função do repórter é noticiar, relatar os fatos como aconteceram, sempre procurando comprovar a informação com documentos, fotografias ou depoimentos de fontes respeitáveis.
Isso não transforma um jornalista, um blogueiro ou radialista num robô, sem opiniões próprias. Ora, aqui em Garanhuns todo mundo tem um lado, apenas alguns não assumem com quem estão. Uns ficam em cima do muro e vêm falar em imparcialidade já sendo parciais.
Tem uma frase do escritor George Orwell, autor dos livros “1984” e “Revolução dos Bichos”, que gosto muito de citar. Ele sustentava que “jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.
Tenho comprovado diariamente o acerto deste pensamento. Num blog em que se tem de fazer malabarismo para sobreviver, praticando jornalismo e publicidade, as notícias verdadeiras, que atraem centenas e até milhares de leitores são as que incomodam, aquelas que alguns não gostariam de ver publicadas.
Quando você publica um post e ninguém comenta, ninguém fala dele e poucos leem está na cara que aquela informação não despertou muito interesse. Quando, ao contrário, a postagem causa burburinho, críticas, contestações, provoca comentários, polêmica, é evidente que você “acertou na mosca”, noticiou algo interessante, que fugiu da mesmice e o resultado é colhido nas ruas e na tela do computador, quando o Google e os contadores online indicam que você acertou.
Político vive de voto. Quem faz mídia vive de audiência. Desde que não se invente para atingir os objetivos. O resto é conversa fiada.
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