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domingo, 2 de fevereiro de 2014

A desmobilização de Suape”: serão demitidos 42 mil trabalhadores que constroem refinaria Abreu e Lima

Dentro dos próximos dois anos, a Petrobras terá que dispensar cerca de 42 mil trabalhadores que estão ligados à construção da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Portuário de Suape. Uma das maiores desmobilizações trabalhista da história do Brasil
Foto: Guga Matos/JC Imagem

Reunião dos trabalhadores, da construção de Suape, durante a greve do ano passado


Beneficiado por grandes obras federais e privadas que conseguiram elevar o nosso PIB e fazer com que o estado crescesse mais do que o Brasil nos últimos dez anos, Pernambuco começa agora a experimentar o outro lado da moeda. O pleno emprego, que chegou a atrair para os arredores do porto e municípios vizinhos milhares de trabalhadores e render muitos discursos políticos, chegou ao fim.

Levantamentos do próprio Governo do Estado apontam que, até 2016, 67 mil pessoas serão dispensadas pelos consórcios que no momento constroem obras como a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul.

Em meio a um ano eleitoral e primeiro ano de novo governante, esse será um problema social que envolve além dos trabalhadores, os principais atingidos, 58% oriundas do próprio estado, como também a vida e a renda a vida dos municípios circundantes.

Para discutir e enfrentar a situação o Ministério Público do Trabalho (MPT) criou o fórum Remos – Relocação de Mão-de-Obra de Suape e questões afins – para se reunir regularmente com a presença do estado, de empresas privadas e dos sindicatos dos trabalhadores, objetivando discutir e encaminhar os problemas que forem surgindo.

Segundo a deputada Terezinha Nunes, o fórum entendeu que as dificuldades são maiores do que se poderia imaginar. O Consórcio ETDI, formado por empresas grandes como Egesa e TKK e contratado pela Petrobrás para construir parte da refinaria, demitiu 1.600 trabalhadores sem garantir direitos líquidos e certos como o pagamento do 13.o salário e demais obrigações rescisórias, em dezembro passado.

Procurada, a Petrobrás se limitou a dizer que tudo que devia ao Consórcio foi pago, o que demonstra o descaso ou até mesmo a irresponsabilidade com que o tema vem sendo tratado. Como pode uma estatal do porte da Petrobrás permitir tal descaso?

Em 2013 Suape já foi palco de uma paralisação de trabalhadores que não estavam recebendo seus salários em dia, o que provocou enormes contratempos e a suspensão das obras por 24 horas até que se chegasse a um acordo.

Até abril de 2015 em média 1 mil trabalhadores deixarão a cada mês os canteiros de obras. E em maio, quando se espera que a refinaria seja finalmente concluída, 37 mil trabalhadores vão ser demitidos de uma só vez.

Sindicatos de trabalhadores temem pelo pior. Se o Consórcio ETDI deu o mau exemplo já agora no início da desmobilização, que garantia se tem sobre o futuro? – comentou a deputada Terezinha Nunes, do PSDB, quando ainda estava na oposição ao governo Eduardo Campos.

A desmobilização de Suape, segundo o Ministério Público do Trabalho, só perde em dimensão para o que aconteceu após com o fim da construção de Brasília.

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