Aconteceu na noite da última quinta-feira (11). Sentada ao lado de
Marina Silva no banco de trás do carro que a levava para o hotel, após
13 horas de intensa campanha no Rio de Janeiro, a repórter Marina Dias
testemunhou o estrago promovido pelas críticas de Lula na alma da
presidenciável do PSB. Instada a comentar os ataques do antigo
companheiro de partido, a ex-petista fez um desabafo, seguido de choro.
“Eu não posso controlar o que Lula pode fazer contra mim”, disse Marina.
“Mas posso controlar que não quero fazer nada contra ele''. Olhos
umedecidos, Marina disse ter dificuldade para acreditar no comportamento
de Lula. E buscou consolo nos ensinamentos pretéritos do neo-detrator.
“Quero fazer coisas em favor do que lá atrás aprendi, inclusive com ele,
que a gente não deveria se render à mentira, ao preconceito, e que a
esperança iria vencer o medo. Continuo acreditando nessas mesmas
coisas'', afirmou Marina. Ela soou como se lamentasse o fato de Lula
tratá-la agora do mesmo modo como foi tratado por Fernando Collor na
sucessão de 1989.
“Sofri muito com as mentiras que o Collor dizia naquela época contra o
Lula. O povo falava: ‘se o Lula ganhar, vai pegar minhas galinhas e
repartir. Se o Lula ganhar, vai trazer os sem-teto para morar em um dos
dois quartos da minha casa'. Aquilo me dava um sofrimento tão profundo! E
a gente fazia de tudo para explicar que não era assim. Me vejo fazendo a
mesma coisa agora.''
Já defronte do hotel, no bairro de Copacabana, Marina permaneceu em
silêncio por alguns segundos. Recomposta, desceu do carro. E, virando-se
para a repórter, contemporizou: “Mas não tenho raiva de ninguém não,
nem da Dilma. Vou continuar lutando.''
Desde que as pesquisas fizeram dela uma ameaça real à reeleição de
Dilma, Marina vem sofrendo um intenso bombardeio da infantaria petista.
No comando dos canhões, o marqueteiro João Santana tenta abater a
oponente sem transformá-la em vítima. Obteve dois resultados: estancou o
crescimento de Marina e amealhou leves oscilações de Dilma para o alto,
dentro da margem de erro das pesquisas.
O choro de Marina revela os riscos da estratégia. Para sorte de Dilma e
da falange petista, a ex-seringueira emocionou-se no ambiente reservado
do automóvel. Imagine-se o efeito eleitoral de meia dúzia de lágrimas
dessa versão feminina de Lula vertidas sob refletores e reproduzidas em
rede nacional pelas cadeias de televisão.
Fonte: Blog do Josias de Souza
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