Vieram do prefeito de Santa Cruz do Capibaribe Edson Vieira (PSDB) até agora as críticas mais contundentes ao Palácio do Campo das Princesas. Durante entrevista na sua região, o gestor afirmou que se Eduardo Campos estivesse vivo não estaria havendo debandada da Frente Popular como a que está ocorrendo, e que o Palácio subestimou os adversários. Edson elenca uma série de equívocos de ordem política cometidos pelo Palácio do Campo das Princesas, dentre eles o fato de não ofertar espaço ao senador Fernando Bezerra Coelho no secretariado de Paulo Câmara, tendo ambos sido eleitos na mesma chapa, que ocorreu antes de o governo começar.
Na eleição da mesa diretora da Alepe em fevereiro de 2015, o Palácio permitiu que o PSB se movimentasse no sentido de lançar um candidato a presidente contra Guilherme Uchoa, mas esqueceu de combinar com a Casa Joaquim Nabuco. Terminou que o partido sequer lançou um nome a presidente, mas em vez de emplacar o primeiro-secretário numa construção com toda a Casa, preferiu colocar Lula Cabral numa fria, lançando-o candidato sem dialogar com ninguém. Guilherme não só foi reeleito como ajudou a eleger Diogo Moraes, tendo Lula Cabral recebido apenas 15 votos. O desgaste não foi de Lula, mas sim de um governo que estava apenas começando e tinha que emplacar seu indicado para demonstrar força. Como não conseguiu, a fragilidade ficou latente.
Na eleição de Caruaru, o Palácio entregou o comando do PSB a Raquel Lyra, mas depois decidiu tomar da filha do ex-governador, que acabou saindo do partido para disputar a prefeitura pelo PSDB. Em vez de bancar Raquel e dividir o bônus de uma vitória, o Palácio preferiu inventar a roda com a candidatura natimorta de Jorge Gomes. No fim das contas, não agradou Raquel, a vitoriosa, não agradou Jorge e José Queiroz, nem Tony Gel, candidato apoiado pelo PSB no segundo turno.
No episódio da indicação de Fernando Filho para o ministério de Minas e Energia, em vez de o Palácio dividir o bônus da indicação, pois o PSB havia apoiado o impeachment e seria absolutamente natural ter um ministro na Esplanada, preferiu tentar melar o nome de Fernando Filho, sem sucesso. No fim das contas saiu novamente fragilizado do processo e ganhou a antipatia de Michel Temer, sobretudo após deixar Danilo Cabral falar o que bem entender na Câmara, quando todo mundo sabe que ele é o porta-voz do governador. O Palácio novamente deixou de fazer a conta que não dá pra brigar com a União. A rebeldia de Danilo custou um financiamento do BNDES para o estado na ordem de R$ 600 milhões, que já poderia ter saído se relação fosse amistosa.
No caso da eleição do Recife, o governador quis antecipar a disputa de 2018, cobrando os cargos de PSDB e DEM no governo porque lançaram Daniel Coelho e Priscila Krause. Quando todo mundo sabia que o eleitorado deles jamais votaria no PT. Então seria legítima a postulação de ambos. A pedida dos cargos se deu exatamente no momento em que Bruno Araújo assumia o ministério das Cidades e Mendonça Filho o da Educação, gerando mágoas e insatisfações dos ex-aliados.
Esses são pequenos detalhes que juntos criam um enredo complexo para a reeleição do governador Paulo Câmara, que poderia ter uma reeleição tranquila se tivesse tratado com o respeito devido todos esses atores. Quando optou pelo enfrentamento, o governador estava subestimando a capacidade dessa turma de fazer política, suas atitudes deram o alimento necessário para que eles se juntassem e fizessem uma ampla frente para tentar derrotar a hegemonia do PSB no ano que vem. O governador complicou o que estava líquido e certo para ser a favor dele. Coisas da política, ou melhor, da falta dela.
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