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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Edson Vieira X Gilson Julião: "até tu, Brutus?".

   


      Um fato relevante que deveria ter dominado a pauta política de Santa Cruz do Capibaribe neste primeiro mês de 2023 foi o anúncio do empresário Alan Carneiro de que estava saindo das disputas políticas. Todos, inclusive o grupo que ocupa a prefeitura, consideravam Alan um forte candidato para 2024, já que conseguiu um resultado extraordinário na estreia política de 2020. 

        Some-se a isso o sucesso da articulação para a eleição da presidência da Câmara, que pareceu fortalecer tanto o grupo Verde e o empresário  como  o grupo Azul. Ninguém dos dois lados falou qualquer coisa sobre uma união para o próximo pleito municipal. Nem precisava, havia "fumaça e fogo" sugerindo uma trincheira em comum para não deixar que a temporada do grupo Taboquinha se estenda aos oito anos. 

        Porém, o movimento de migração partidária desencadeado pelo resultado da eleição na Câmara ocupou as discussões políticas. Movimento "natural", rotineiro, comum na política, caso não se tratasse de um parlamentar em questão, o vereador Gilson Julião. Dada a sua ligação com o ex-prefeito Vieira, a quem é atribuído "tudo" que o vereador Gilson conseguiu na política: secretaria, conselho tutelar, assessoria, diretoria de órgão, para si e sua esposa, o movimento foi recebido como uma "traição". Além disso, conforme foi dito na impresa, pelo ex-prefeito e sua esposa, o vereador era "de casa", privava de amizade pessoal.

       Nas recentes entrevistas, o semblante do ex-prefeito parecia ser o de alquém que teve uma grande perda familiar, um luto. Chegou a falar que foi "apunhalado pelas costas",  vítima de grande ingratidão. Como foi dito acima, a troca partidária é "normal" no ambiente político, cada um justificando o porquê de estar saindo e o porquê de estar se filiando ao grupo político adversário. Esse "normal" se aplica aos vereadores Emanuel Ramos e Irmão Soares. Tanto é que não repercutiu, foi assimilado, não recebeu o carimbo de "traição". O mesmo não se pode dizer da mudança política do vereador Gilson.

       Ele também foi à imprensa se justificar, também apresentou  suas explicações, suas razões. Mas, nessa troca de versões, temperadas com as conveniências de cada um, justas ou não, um fato: até 31 de janeiro de 2023, a esposa do vereador era assessora  da esposa do ex-prefeito. Inclusive, gerenciava as redes sociais da ex-deputada Alessandra. E no amanhacer do dia primeiro de fevereiro, o casal passa à condição de adversário político. Um fato singularíssimo para um intervalo de 24 horas.

      Se o vereador não for à imprensa, negar as falas do ex-prefeito, segundo as quais, o ajudou nas eleições do conselho tutelar, na nomeação como secretário, no cargo  para a esposa no órgão de previdência do município, na eleição para vereador, na devoção de uma amizade pessoal que dispensava inclusive formalidades, num tratamento privilegiado se comparado com outras lidereanças do grupo Azul, razão terá o ex-prefeito, de estar se sentindo extremamente decepcionado. Certamente poderia esperar tudo de todos, menos do vereador Gilson. Não só por razões políticas mas, principalmente, pessoais. Como afirmou que foi "apunhalado pelas costas", Edson Vieira deve ter se lembrado do imperador Júlio César que, ao ser "traído" pelo próprio filho, indagou-lhe: "até tu, Brutus"?


Gisonaldo Grangeiro, "cearense" de Pernambuco, agrestino do Polo, professor efetivo da Rede Estadual de Educação do Estado do Ceará e da Rede Municipal de Educação de Fortaleza.

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