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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O verdadeiro motivo de Eduardo preferir Zé Augusto que Paulo Rubens

Zé Augusto


Paulo Rubens

 Em 1998, com a derrota de Arraes ao governo do estado, Paulo Rubes fez duras críticas a Arraes e a Eduardo. Em entrevista ao Diário de Pernambuco ele afirmou que faltou ética ao governo Arraes. veja na íntegra a entrevista de Paulo Rubens na época. Na entrevista fica claro qe quem privatizou a CELPE foi o governo Arraes.

"Falta ética ao governo Arraes" (entrevista com Paulo Rubem Santiago)
Carlos Estênio Brasilino
Da equipe do DIÁRIO

Críticas duras ao governo Arraes devido ao caso dos precatórios e pelos processos de privatização do Bandepe e da Celpe. Ataques contundentes ao PMDB e ao PFL que, por pura incompetência, não impediram que o Palácio das Princesas levasse a frente suas operações financeiras - cheias de irregularidades. Desprezo pela política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso e a idéia fixa de combater seus aliados - Carlos Wilson (PSDB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB). E queixas sobre companheiros do próprio PT, que, apesar de terem sérias divergências com o PSB de Arraes, insistem em montar um palanque único em Pernambuco. Calma. Não se trata de nenhum mal-humorado de plantão. O perfil traçado acima é do deputado estadual petista Paulo Rubem Santiago, líder da legenda na Assembléia Legislativa do Estado. Voz isolada no Legislativo, Paulo Rubem não se faz de rogado quando acha pertinente a crítica aos adversários. É o verdadeiro inimigo número 1 de arraesistas, pefelistas, tucanos e peemedebistas. Professor de Educação Física, 42 anos, Paulo Rubem não assume a condição de metralhadora giratória sem estar munido de informações, documentos e argumentos. Bem articulado, ele garante: "O PT não se construiu apenas para disputar eleições". E mesmo com o partido dividido ao extremo, Paulo Rubem acredita: "Vamos crescer ainda mais".
DIÁRIO DE PERNAMBUCO - Por que o PT rompeu com o governo Arraes?
PAULO RUBEM - Pelo não cumprimento das propostas de campanha e a organização do conselho político em Pernambuco. E o envolvimento do governo em atitudes condenadas pelo PT em diversas administrações pelo país afora. Mas particularmente o envolvimento em operações financeiras com claros indícios, já comprovados pelo Banco Central e pelo Ministério Público, de irregularidades financeiras como a operação dos títulos públicos. Também a atitude do governo de levar adiante a privatização da Celpe e do Bandepe, escondendo da sociedade os graves prejuízos financeiros causados ao banco pelas elites econômicas do estado.
DIÁRIO - O governo Arraes é corrupto?
Rubem - O governo Arraes envolveu-se em escândalos financeiros. Já foram comprovadas a participação do Bandepe, da Secretaria da Fazenda e do banco Vetor em fraudes de listagens de documentos. Apenas sob o ponto de vista dos crimes contra a administração pública estão evidenciadas diversas condutas criminosas por parte do governo na operação dos títulos públicos. Há também a omissão das informações e a manipulação da administração do Bandepe na proposta da privatização do banco. É um governo onde não se cumpre a ética e não se preserva a probidade administrativa.
DIÁRIO - O que estaria levando o governo a agir dessa forma?
Rubem - A insistência numa administração absolutamente centralizada, que não privilegia o debate político e que não valoriza as forças políticas que levaram o governador ao Palácio das Princesas. Em segundo lugar, a pressa em administrar os recursos apenas para responder aos interesses eleitorais da própria Frente Popular. Terceiro: a conivência com diversas irregularidades, com uma postura denão expor o secretário da Fazenda, Eduardo Campos, que foi o coordenador principal da operação dos títulos públicos em Pernambuco. O governador, quando foi provocado pela primeira vez para explicar a operação dos títulos, não o fez de forma direta, partindo para recuperar sua história política - o exílio, a perseguição durante o regime militar -, fatos que todos nós sabemos e respeitamos, mas que não servem como argumentos para explicar as irregularidades.
DIÁRIO - Já que o senhor considera o ex-secretário Eduardo Campos o mentor da operação financeira, estaria o governador sendo conivente com as irregularidades do neto?
Rubem - Eu tenho documentos e tenho feito algumas investigações. Fui ao Banco Central, estive no Ministério Público de São Paulo e analisei o relatório do Tribunal de Contas. Em todos esses momentos, em que não fomos combatidos pela bancada governista, estão claras as evidências de que o coordenador da operação dos títulos e, conseqüentemente, aquele que compactuou com o banco Vetor nas fraudes doprocesso de venda dos títulos, esse indivíduo se chama Eduardo Campos, que foi preservado no cargo causando um grande desgaste ao governador Miguel Arraes. Ele foi o responsável pela operação já qualificada numa notícia-crime que o Banco Central envia agora para o Ministério Público Federal sobre a participação do banco Vetor em Pernambuco.
DIÁRIO - O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e o governador de Santa Catarina, ainda estão bem encrencados com o caso dos precatórios. Por que Arraes conseguiu sair bem de todo esse escândalo?
Rubem - Mas o governador se saiu mal. Não explicou com documentos comprobatórios a não ocorrência de irregularidades na operação contratual com o banco Vetor e na administração dos recursos. A fraude na lista das dívidas judiciais foi feita tanto por interesse no Vetor em obter mais recursos, como pelo governo, que tinha interesse em fazer caixa. E a única forma de fazer caixa era apresentar uma lista que superdimensionasse o valor real do débito - auditado pelo Tribunal de Contas em R$236 mil e não em R$ 400 milhões. E apesar de ludibriar a opinião pública e controlar a maioria da Assembléia Legislativa, o governo não vai escapar de ações que já estão em andamento nas diversas esferas do Judicial.
DIÁRIO - O senhor é praticamente uma voz isolada contra o governo na Assembléia Legislativa. O que o levou a assumir essa briga?
Rubem - A briga não é contra o governo Arraes. É contra a corrupção e a improbidade administrativa. Ninguém da bancada governista, nem o secretário da Fazenda, nem o presidente do Bandepe, nem o procurador-geral do Estado (Izael Nóbrega) ou qualquer outro dirigente da atual administração conseguiu combater todas as denúncias que fizemos. As esferas que saem do controle do estado, Ministério Público Federal, Ministério Público de São Paulo e o Banco Central, têm clareza de que em Pernambuco se praticou a mais escandalosa e irresponsável operação financeira. São instituições que não estão submetidas à pressão e à manipulação financeira e orçamentária do governo do estado. Por isso que o PMDB e o PFL foram omissos. Não questionaram e deram seu aval a toda a operação. Agora, no calendário eleitoral, vestem a roupa de fiscais do patrimônio público, como se pudessem esconder a conivência e a omissão que praticaram durante todo o processo.
DIÁRIO - Qual o interesse do PFL e do PMDB em ser coniventes?
Rubem - Foram coniventes porque foram incompetentes. Não tiveram a capacidade de investigar a operação e levar ao Ministério Público a representação antes que a CPI do Senado concluísse suas investigações. Por essa incompetência permitiram que o governo omitisse dados da tramitação do projeto, aprovaram a emenda que foi usada para gastar os recursos dos títulos para outros fins - essa emenda foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, atendendo a uma representação que nós fizemos. Essa incompetência vem do descaso pelo patrimônio público de Pernambuco. Essa ação encaminhada ao TCU (pelo deputado federal pefelista Mendonça Filho) não tem absolutamente nenhum fato novo, nenhumaobjetividade. Tem nítido caráter eleitoral.
DIÁRIO - O senhor acredita que ao entrar com a ação junto ao TCU o deputado Mendonça Filho estaria apenas jogando para a platéia?
Rubem - A ação do TCU sobre a privatização da Celpe é oportuna a qualquer momento. Mas gostaria de esclarecer que desde novembro de 1997, quando chegou à Assembléia o projeto 667, de privatização da Celpe, o PT argüiu sua inconstitucionalidade. Era uma operação de crédito e os recursos já deveriam estar enquadrados nos programas orçamentários. Nada disso foi cumprido. Mas a privatização da Celpe com esses e outro vícios foi aprovada pelo PFL, o empréstimo de R$ 700 milhões contou com votos do PFL e a forma como o PFL se manteve durante todo o período da privatização da Celpe enriqueceu sua omissão.
DIÁRIO - O PT se coloca contrário à vinda dos recursos da privatização da Celpe?
Rubem - Não somos contra a transferência de recursos do governo federal para Pernambuco. Se foi conseguida a aprovação da privatização da Celpe, queremos que os recursos venham e sejam adequadamente e legalmente enquadrados. Segundo a Constituição Federal, artigo 67, enciso 2º, a lei da administração pública de número 8.429, e a lei de privatização da Celpe, que diz, no seu artigo 3º, parágrafo 2º, que tem que ser explicado gasto por gasto dos recursos obtidos. E o governo não cumpre as leis. O deputado Mendonça Filho foi ao TCU, porém mantém isso como uma carta eleitoral, impedindo a transferência dos recursos.
DIÁRIO - A direção nacional do PT insiste que o diretório estadual se reconcilie com o PSB de Arraes. O que o senhor pretende fazer para impedir isso?
Rubem - Uma correção: a direção nacional do PT não vai insistir que em Pernambuco se repita a aliança nacional (com o PSB). Nós estamos trabalhando para chegarmos a um entendimento no encontro estadual de maio. Trabalhamos para chegar a uma posição unitária em relação às eleições de 98. Nossa prioridade é a eleição de Lula à Presidência da República. Com a coincidência da eleição nacional e a eleição do estado, a nossa participaçãonas eleições estaduais terá como objetivo fundamental combater a aliança PMDB/PFL e os demais partidos ou aliados que defendam a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Vamos amadurecer essa idéia para chegarmos a um lugar comum. Temos que ver em palanque deveremos estar para melhor defender a candidatura de Lula e combater o PMDB e o PFL. Isso não significa que não nos coloquemos diferentemente da candidatura que venha a ser colocada pelo PSB. Temos razões de sobra para nos colocarmos em oposição à atual administração. Mas nossos adversários principais serão Jarbas Vasconcelos, Carlos Wilson e todas aquelas que defendam a candidatura de Fernando Henrique Cardoso.
DIÁRIO - Dá para separar as questões administrativas das necessidades eleitorais?
Rubem - Não, não dá. Esse é o grande desafio do PT: construir junto à sociedade uma outra cultura política. Não podemos passar três anos e seis meses fazendo uma política de oposição a essa administração, combatendo suas irregularidades, e depois ir para o palanque como senada tivesse acontecido. Essa é uma política eleitoreira.
DIÁRIO - O senhor defende uma aliança do PT com o PDT, mas como isso se viabilizará se o presidente estadual pedetista, José Queiroz, afastou a hipótese de integrar uma coligação excluindo o PSB?
Rubem - O PT não se construiu apenas para disputar eleições. É um partido que defende uma profunda transformação na sociedade brasileira e para isso disputa eleições, participa de movimentos sociais, administra prefeituras e governos de estados e ocupa espaço nos parlamentos e instituições políticas. Defendemos a candidatura de Queiroz pela capacidade de construirmos um programa submetido a um discurso político. Mas se o entendimento do PDT for de que a aliança é prioridade e o discurso político, irrelevante, certamente não vamos compor com o PDT.
DIÁRIO - Por que insistir numa aliança com o PDT?
Rubem - A aliança com o PDT tem outros atrativos. Proporcionalmente, é a melhor saída para elegermos deputados federais e estaduais. Juntos nós teríamos aproximadamente dois blocos de 10 minutos na televisão. Seria a primeira vez em Pernambuco que uma coligação de esquerda alternativa, fora da Frente Popular, teria tanto tempo na televisão. Auxiliada por uma candidatura presidencial forte, por um palanque proporcional unitário e por um discurso estadual independente, capaz de denunciar as irregularidades do governo Arraes, mas, sobretudo, capaz de combater a tentativa da aliança PMDB/PFL voltar ao governo do estado.
DIÁRIO - Paulo Rubem seria o candidato ideal ao governo de Pernambuco?
Rubem - Meu nome tem sido colocado devido a um trabalho feito na Assembléia Legislativa e que também se faz em outras Assembléias e no Congresso Nacional. Mas já disse ao partido que não se discute só um nome. É preciso avaliar o papel que cada um dos parlamentares petistas teve durante esses quatro anos de administração da Frente Popular. Mas meu nome não está colocado, até porque já há uma avaliação de que poderei ampliar a votação para deputado estadual. isso ajudaria a eleição de outros deputados, somando-se os votos de legenda do PT.



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