Em meio a essa pirotecnia midiática que foi a ocupação militar nas favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, chamou a atenção o cínico espanto de alguns cidadãos que, em contatos com a imprensa, mostravam indignação diante da veiculação de depoimentos, colhidos junto a humildes moradores daqueles bolsões de pobreza, que evidenciavam sinais de benevolência da população em relação ao traficante Nem, antigo chefe do tráfico local, tido por muitos como um "magnânimo benfeitor".
Só mesmo quem não conhece, ou não quer conhecer, a índole do povo brasileiro pode ter ficado "honestamente espantado" com tal comportamento. Afinal, não é muito difícil entender que Nem, assim como fazem outros chefões do tráfico de drogas, cada qual em seu "feudo", partem do pressuposto de dominar corações e mentes dos seus "vassalos" a partir do atendimento, mesmo que superficial, das suas necessidades imediatas, fornecendo-lhes o básico para a sobrevivência, itens sistematicamente negados pelos poderes públicos.
Se fizermos uma projeção das favelas da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu, ampliando o que ali acontecia para o que acontece em todo esse Brasil Tiririca, veremos que as estratégias de "dominação de consciências" utilizadas por Nem eram análogas as que usam os nazipetralhas, que através da distribuição de esmolas oficiais, a exemplo do bolsa-família, garantem a "compreensão" dos eleitores em relação aos seus "malfeitos". Aqui essa compreensão vem em troca de emprego.
A pergunta é: nesse negócio de reviver o "coronelismo", adaptando-o aos novos conceitos sociais, como forma de garantir "vassalagem", considerando-se lideranças políticas e chefões do tráfico, quem aprendeu com quem?
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