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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Coluna do Blog

                 O isolamento da perua Suplicy

Depois de preterida por Lula para ser candidata à prefeita de São Paulo, de ver o PT paulista tratar o atual prefeito paulistano Gilberto Kassab, seu arqui-inimigo, com deferências e honrarias, Marta Suplicy brigou feio com a bancada petista no senado, para se manter na primeira vice-presidência da casa, rompendo um acordo de rodízio no cargo, com o senador cearense José Pimentel.
Foto: Felipe Barra/Agência Senado
Marta Suplicy, 67 anos, agressiva, prepotente e melancólica, presidindo mais uma sessão com o plenário do senado "às moscas".



Os dias desde o início do ano têm sido ingratos para as pretensões políticas da senadora Marta Suplicy (PT-SP). Ex-prefeita de São Paulo, ela foi preterida na sua pretensão de disputar novamente o cargo pela vontade do ex-presidente Lula, que ungiu um neófito na política eleitoral como candidato, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad.

Ex-mulher de um dos fundadores do partido, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), Marta deixou de comparecer à festa de aniversário de 32 anos do PT, para não se encontrar ali com um convidado de honra do partido, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Rejeitada como candidata, Marta teve contestada também sua oposição à estratégia da direção petista, que quer Kassab como aliado de Haddad nas eleições paulistanas. Se as eleições municipais deste ano botaram Marta em rota de colisão com Lula e a cúpula do PT, a sua situação não anda muito melhor com relação a seus colegas petistas no Senado.

É o que revelam bastidores recuperados pelo Congresso em Foco da reunião entre os senadores petistas em que o assunto foi tratado, no último dia 1º de fevereiro. A reunião estava marcada para que fosse decidida a escolha do novo líder do partido no Senado, em substituição ao senador Humberto Costa (PT-PE). Disputavam o cargo os senadores Walter Pinheiro (PT-BA) e Wellington Dias (PT-PI). Inicialmente, iniciou-se uma votação, e Wellington disparou na frente na preferência de seus colegas. Até uma intervenção do senador Jorge Viana (PT-AC). Ele argumentou que seria importante que o novo líder assegurasse a sua disposição de não dividir a atenção do comando da bancada com as eleições municipais. Neste momento, Wellington, que tem a pretensão de voltar a ser governador do Piauí em 2014, retirou sua candidatura à liderança. Sem outro concorrente, o cargo ficou, então, para Walter Pinheiro.

Foi quando Marta resolveu introduzir a questão da sua permanência na primeira vice-presidência do Senado, assunto que, inicialmente, não estava na pauta da reunião. Desde o ano passado, ela e o senador José Pimentel (PT-CE) brigavam pelo cargo. Pimentel reivindicava o cumprimento de um suposto acordo feito quando Marta tornou-se primeira vice-presidente, no processo que escolheu José Sarney (PMDB-AP) presidente do Senado. Por esse acordo, Marta deixaria o cargo e ele passaria a ser este ano de José Pimentel. De acordo com os senadores petistas, naquela ocasião Marta aceitara o acerto porque imaginava-se candidata à prefeitura de São Paulo agora, o que acabou não acontecendo.

“Vamos aproveitar a reunião e resolver logo essa questão”, propôs Marta. Pimentel lembrou o acordo. Marta respondeu, ríspida, segundo senadores que participavam do encontro, pondo o dedo na cara de Pimentel. “Você sabe que nunca houve acordo nenhum. Inclusive, você brigou muito pelo cargo no ano passado. A verdade é essa”, respondeu Marta. Vários senadores começaram a ponderar que tinha, sim, havido acordo.

Mata insistiu na inexistência do acordo, e ponderou que, pelo regimento do Senado, ele talvez nem fosse possível sem que houvesse uma nova eleição. Além disso, outros rodízios supostamente prometidos também não estariam sendo cumpridos. Paulo Paim (PT-RS) pretendia permanecer na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Delcídio Amaral (PT-MS) à frente da Comissão de Assuntos Econômicos. Os senadores começaram a argumentar que o agravamento de uma disputa interna entre os petistas poderia fazer com que o partido acabasse perdendo seus cargos. O PMDB, ponderou-se, acompanhava de perto a briga na bancada do PT para, diante de um impasse, acabar reivindicando-os. Coube a Jorge Viana por panos quentes:

“Marta, todos nós temos aqui o maior respeito por você. Nenhum de nós aqui abriu mão de algo tão importante como você fez no caso das eleições em São Paulo”, disse Viana. A frase do senador acreano soou como um sinal de que a senadora poderia ser mesmo merecedora de um prêmio de consolação pela derrota a ela imposta por Lula ao preferir Fernando Haddad como candidato. José Pimentel abriu mão, então, de suas pretensões. E Marta manteve-se na primeira vice-presidência do Senado.

Segundo senadores que participaram da reunião, porém, o episódio deixou sequelas, pela forma como Marta impôs seu nome, pela rispidez da discussão e pelo fato de que um acordo anterior fora rompido. Seu único apoio hoje estaria em seu ex-marido, Eduardo Suplicy.

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