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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Dilma finge vistoriar as obras de transposição do São Francisco


O site da Comissão Pastoral da Terra expõe que a presidente visitou apenas uma maquete da obra que estava num quartel e foi até um canal, para tirar fotos. Não enfrentou os problemas que afetam o projeto, parado há mais de ano, em algumas regiões. A presidenta fugiu do povo que está sofrendo as consequências da bilionária aventura faraônica de Lula e diz que a água não será para matar a sede do povo. “Não pense que a água será de graça” é o título de uma matéria publicada pelo Jornal do Comércio, que revela que vai custar caro, aos sertanejos, as águas levadas pela transposição. Dá para acreditar? 
 
 
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma em Floresta do Navio, nesta quarta-feira, visitando a maquete da transposição do Rio São Francisco, não seria mais prático levar a maquete para Brasilia?


Nesta quarta-feira, 08 de fevereiro, a presidenta Dilma esteve presente no município de Floresta, sertão de Pernambuco para visitar as obras da Transposição do Rio São Francisco.

A visita durou pouco tempo, a presidenta na verdade visitou apenas a maquete da obra exposta no Destacamento do Exército, localizado na Agrovila 06 e para o canal de aproximação que em tese vai captar água da barragem de Itaparica.

O povo e as famílias que sofreram os impactos das obras na região se concentraram em frente ao Exército desde as 8h da manhã para ouvir algum pronunciamento da Presidenta sobre a situação dos atingidos. Saíram do local às 12h30, sem que Dilma, nem ninguém, se aproximasse para dirigir-lhe qualquer palavra.

Apenas os seguranças, membros do Exército e assessores se encarregaram de afastar e impedir o acesso do povo ao local da visita. A indiferença durante toda a manhã deixou as famílias atingidas pelas obras da Transposição ainda mais revoltadas e decepcionadas com o Governo.

Sempre ao lado do Governador Eduardo Campos, a Presidenta Dilma fez pronunciamento apenas à imprensa. Prefeitos de municípios do Sertão que estão sendo impactados pelas obras da Transposição também foram impedidos de acompanhar a visita.
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
A presidenta Dilma Rousseff, fazendo pose, com seu chapeu fashion, junto ao risonho Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, diante das obras do lote 13 e do canal de aproximação, em Floresta.
A agenda oficial da presidenta Dilma às obras, além de ignorar o povo, ignorou também realidade de decomposição em que se encontram as obras da Transposição do Velho Chico. Durante a visita, a comitiva do Exército e técnicos da obra não apresentaram os principais trechos de canais que se encontram completamente rachados e que, após vultosos investimentos governamentais, tornaram-se inúteis.

Ainda assim, para as organizações sociais que acompanham as famílias atingidas pelas obras, isso não seria novidade para o Governo Federal: inúmeras denúncias da inutilidade em que se tornou a obra, além dos impactos causados às milhares de famílias e ao meio ambiente foram e são frequentemente feitas nacional e internacionalmente.

“Não falaram das casas rachadas dos moradores atingidos pelas explosões nas obras, das indenizações irrisórias e não pagas e da questão fundiária do Assentamento Serra Negra e de tantos outros atingidos pela transposição”, ressaltou Marcelo Manoel, membro da Comissão Pastoral da Terra em Floresta.
Foto: Jornal do Comércio
Quando a água vai passar por esse trecho no lote 6, em Mauriti, no Ceará? Quem vai pagar a conta de refazer essa concretagem?
Para os integrantes da Comissão Pastoral da Terra, em Floresta, a visita da presidenta Dilma às obras da Transposição foi uma tentativa estratégica de dar resposta às inúmeras críticas feitas ao megaprojeto e de provocar uma comoção nacional de que a obra não está abandonada.

Enquanto isso, próximo de onde foi feito a visita, canais da transposição se convertem grandes pedaços de cimento rachado e as famílias impactadas e ignoradas pelo governo, reconhecem que a água, se passar por ali, não será para matar a sede do povo.
Foto: Jornal do Comércio
É visível que algo não vai bem nas obras de transposição do Rio São Francisco, o governo não quer ver.


Na série de reportagem que fez sobre a transposição, o jornalista Giovanni Sandes explica que se um dia “a água correr pelos 713 quilômetros dos canais da transposição do São Francisco não será gratuita. Uma estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) feita a pedido do governo mostra que, em 2015, novo prazo de entrega da transposição, a conta da água do projeto terá um dos preços mais altos do Brasil.

A primeira projeção da FGV mostrava que o preço do metro cúbico da água da transposição custaria R$ 0,13 em 2010 e R$ 0,15 em 2015. Apesar de ser bem mais alto que a média nacional de hoje, R$ 0,02.

O problema é que a água, até chegar ao consumidor final, custará caro para o governo, com vários custos agregados. Por exemplo, o do energia elétrica: em locais como o Eixo Leste serão usados seis estações de bombeamento para elevar a água a uma altura total de 300 metros, para após atingir altura e volume suficientes, a água possa correr a maior parte do caminho por ação da gravidade.

Há ainda a manutenção física dos canais e a segurança. Será necessário fiscalizar áreas muito afastadas e com difícil acesso, para evitar furto de água e garantir que pessoas e animais não caiam nos canais. Na viagem de 2.600 quilômetros a todos os 13 lotes da transposição com empreiteiras, a reportagem constatou a facilidade com que bois e cabritos hoje circulam pela obra, como no lote 1, próximo a Cabrobó. Um animal morto num dos canais poderia contaminar a água que mais adiante chegaria nas torneiras das casas.

Uma projeção da soma de todos esses custos, operação, manutenção e segurança, foi o que originou aquela conta inicial da FGV.

Na verdade, a reportagem cita que os números da FGV são considerados ultrapassados pelo governo: “Vamos revisar, atualizar e detalhar esses números. Desde que aqueles números foram gerados, há 5, 6 anos, mudou o cenário econômico e político, de aquisição de bens e insumos. Com certeza ele vai variar e até para baixo”, afirma José Luiz de Souza, engenheiro e coordenador substituto do Conselho Gestor do Projeto São Francisco, no Ministério da Integração Nacional.

Como se vê, a obra faraônica gerada da mente de Lula, tem problemas de sobra e futuro ameaçado. O vexatório é que já se gastou dinheiro demais para se voltar atrás embora não se possa prever, quanto dinheiro ainda vai se gastar, e se tudo isso ao final vai valer a pena (?).

Foto: Jornal do Comércio
A redução da velocidade, escrito na placa , deve se referir ao andamento da obras, lote 10, da Mendes Jr./Emsa, parado desde o ano passado.

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