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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Algo e seu oposto



     Existe uma coisa que é difícil de negar, que na sociedade atual o debate exerce uma enorme influência sobre a opinião e vida popular. Por meio deles pesquisas acadêmicas ganham adesão, doutrinas religiosas são reafirmadas e campanhas políticas influenciam as multidões. 

É assim desde a Grécia, onde os filósofos debatiam sobre várias questões. Tais encontros servem para que as partes exponham e defendam seus respectivos pontos de vista. Agora imagine que no meio de um debate, um dos debatedores defendesse que os homens deveriam trabalhar nus e também defendesse que os homens que fossem nus ao trabalho deveriam ser condenados à pena de morte. Tal fato levaria os ouvintes a duvidarem de sua saúde mental, uma vez que ele combate, como um cão feroz, tudo aquilo que ele mesmo defende.

     A situação acima descrita, apesar de ridícula, serve perfeitamente para retratar a realidade brasileira. É exatamente essa incoerência louca e absurda ao extremo que tem sido louvada como a mais pura e sublime sabedoria. Como exemplo disto, basta-nos lembrar do discurso moralista que o PT fazia quando era oposição, e a forma como desejava a punição judicial para cada um daqueles que acusava. 

Passado alguns anos, boa parte da cúpula do partido foi condenada pelo STF por diversos crimes. E o que fez o partido? Continuou seu discurso moralista e parabenizou o judiciário pelo seu trabalho exemplar? Expulsou os delinquentes do partido? Não! Ao contrário disso, fez campanha a fim de desqualificar a justiça brasileira e de inocentar a quadrilha de criminosos.

     O exemplo acima demonstra que na política brasileira as ações não precisam estar de acordo com as palavras, estas podem até ser totalmente contrária àquelas. Nada disso faz diferença. Diante de tudo isso, a mídia mantém um silêncio sepulcral enquanto a maioria da população fica sem nada entender ante tamanho espetáculo de canalhice.

 Para piorar tudo, essa tática de defender algo e combatê-lo ao mesmo tempo, tem dado resultados políticos: o PT, que defende as causas da militância gay, é aliado de Mahmoud Ahmadnejad, o presidente que, em seu país, mata os gays e pendura seus corpos em via pública.  Mesmo assim o PT continua a receber o apoio político das organizações gayzistas brasileiras.

     A atitude de defender e atacar a mesma coisa simultaneamente, ao contrário do que parece, não é resultado de uma mente louca e desmiolada. Trata-se de um artifício muito usado por certos setores, que consiste em garantir ,de antemão, que suas escolhas estratégicas não lhes trarão revezes. Se em uma escolha polêmica eu tomo partido por algo, mas também pelo seu oposto, inevitavelmente sairei favorecido, independentemente do resultado do embate.

     Se por um lado esse modus operandi não revela uma mente louca, tampouco revela uma sadia, mas sim, uma perversa. A única coisa que fica explícita é que por trás desse comportamento habita uma mente sem princípios, ética nem moral, que não hesitará em trazer o bem ou o mal, a vida ou a morte aos seus governados, desde que, isto lhe traga a permanência no poder.

Carlos A. Silva.
Graduando em História pela Universidade Estadual da Paraíba.

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