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sábado, 19 de janeiro de 2013

CHAMAR UM NEGRO DE “NEGRO” É RACISMO?

Se alguém chamar Xuxa de “aquela loira” ninguém vai chamar isso de racismo. Mas se eu chamar Lázaro Ramos de “aquele negro” muita gente vai me chamar de racista. Faz sentido um menino de cor negra reclamar aos pais e professores que está sendo chamado de “negro” por seus colegas na escola? Para alguns esse menino estaria sendo vítima de racismo. 

Para outros, seria uma reclamação infundada. Afinal, ele não é mesmo negro? Essa não é sua cor? Por acaso ele tem vergonha de sua cor? Vou tentar elucidar essa questão nas próximas linhas. Para que o texto não se prolongue muito, vou ignorar questões históricas e sociais, mas que pesariam muito em meu argumento.

Penso eu (ou seja, meu critério) que para analisarmos se um negro ao ser chamado assim está sendo vítima de racismo, devemos analisar a situação, o contexto. Por exemplo: se eu tenho uma namorada negra e carinhosamente a chamo de “minha nêga”, estou sendo racista? Não. Mas se eu tenho um vizinho que não gosto e numa briga com ele o chamo agressivamente de “nêgo” a situação muda. São situações distintas. Na primeira estou apenas partindo da cor de minha namorada para ser carinhoso com ela. Na segunda está claro que minha intenção é ofender. A intenção deve guiar nosso julgamento.

Tenho amigos a quem todo mundo chama de “nêgo”, mas eles nunca reclamaram, pois está bem evidente para eles que ninguém está querendo ofendê-los. Mas é bem diferente um caso em que um gerente irritado olha para um funcionário e num tom de desprezo e furioso chame de “nêgo”. O mesmo termo foi usado nos dois casos, mas está claro que as intenções são diferentes.

Mas vamos supor uma outra situação. Imagine que tenho uma namorada bem branquinha, e às vezes, carinhosamente a chamo de “minha branquela”. Nenhum problema certo? Agora pense em duas vizinhas brigando e uma olhe para a outra e de forma esnobe e agressiva a chame de branquela. No segundo caso a intenção de ofender está clara.

Podemos ofender alguém até com palavras que servem para elogiar. Suponha que você trabalhe em uma empresa e cometa alguns erros desastrosos com certa frequência. Um belo dia seu patrão pergunta quem se habilita para realizar uma determinada tarefa. Você se oferece, mas seu patrão rejeita, falando num tom irônico e zombador a seguinte frase: “você é muito inteligente para isso”. Seu patrão falou que você é inteligente! Você deve está feliz! Claro que não. A intenção dele foi chamá-lo de burro e incapaz de realizar a tarefa proposta. Numa outra situação a frase de seu patrão seria um elogio, mas não nesse caso.

Um exemplo bem típico é o caso das loiras que são chamadas de burras. Uma loira faz algo de errado e alguém olha e diz: “é loira, afinal”. Ora, ela é mesmo loira! No entanto, é óbvio que a intenção foi ofender.
Portanto, devemos analisar a situação, o contexto no qual o menino está sendo chamado de “negro”. Já presenciei um caso como esse e sim, se tratava de racismo, pois seus colegas o chamavam de “negro” de forma depreciativa, humilhante. Todos viam que a INTENÇÃO de seus colegas era ofender, agredir, zombar, humilhar. Mas teve pessoas que vieram com essa balela que o menino estava com vergonha de sua cor pelo fato de está incomodado com isso.

(Escrito Por Carlos Wilker)

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