Um
determinado indivíduo nasceu no Brasil, fala português, usa calça
jeans, come feijão com arroz diariamente, gosta de carnaval, torce
entusiasticamente pela SeleçJão e é um cristão fervoroso.
Suponha que você seja esse sujeito. Agora, suponha que você tenha nascido na Arábia Saudita, no Japão ou em alguma tribo indígena isolada. Não é preciso ser um gênio para concluir que seus hábitos, costumes, idioma, valores e crenças seriam totalmente diferentes. Eu te pergunto: você escolheu onde nascer? Óbvio que não, né?
Suponha que você seja esse sujeito. Agora, suponha que você tenha nascido na Arábia Saudita, no Japão ou em alguma tribo indígena isolada. Não é preciso ser um gênio para concluir que seus hábitos, costumes, idioma, valores e crenças seriam totalmente diferentes. Eu te pergunto: você escolheu onde nascer? Óbvio que não, né?
Quando você nasceu no Brasil, já se falava o português, os homens já usavam calça jeans, quase todos já comiam feijão e arroz diariamente, o carnaval já era um festa muito popular, jê existia essa paixão por futebol e o cristianismo já predominava. Tudo que você fez foi adotar aquilo já era anterior a você. Se ao invés do português, no Brasil se falasse inglês, você diria “good morning”, ao invés de “bom dia”.
Nos julgamos sempre livres. Atribuímos nossas opiniões e preferências a nossa liberdade de escolha. Mas ignoramos que não escolhemos tudo isso, mas que tudo isso nos foi “imposto”. Eu não escolhi falar português. Quando eu nasci, meus pais, meus vizinhos e todos a minha volta falavam português. Se ao ter alguns meses de nascido eu tivesse sido enviado para ser criado no México, eu obviamente falaria o idioma desse país.
Alguém pode me perguntar: e quanto a quem nasceu no Brasil, mas não gosta de futebol ou não torce pela seleção, que não gosta de carnaval e não é cristão? Claro, existem muitas pessoas assim e apenas usei esse modelo com um exemplo. Mas vamos pegar alguém que goste de música clássica, torça pela Espanha e sua dieta é consiste em massas. Mesmo assim essas coisas chegaram até ele. São coisas que existem independentes dele. Se a seleção espanhola não existisse, ele não torceria pela Espanha. Sem esquecermos que ele ainda falaria português.
Se você vivesse na Grécia Antiga, você não seria cristão pelo o óbvio fato do cristianismo ainda não existir. Provavelmente você iria acreditar em Zeus, Apolo, Atenas ou qualquer outra divindade grega; se você tivesse nascido há poucos mais de 600 anos atrás no que viria ser chamado de Brasil, você teria os mesmos costumes e hábitos dos nativos, como andar nu, por exemplo.
O meio em que vivemos nos molda. E mesmo quando moldamos o meio em que vivemos, fazemos isso de maneira que esse meio nos permite e nos condiciona. Podemos inverter isso? Talvez. Poderíamos propagar um outro esporte diferente do futebol, por exemplo. Mas teríamos que obedecer leis vigentes e nos adequar aos costumes e hábitos já existentes. Para exemplificar como seria isso, cito um caso em que alguém argumentava que a Filosofia é algo inútil e dispensável. Foi quando eu o interrompi dizendo que ele estava argumentando. Ora, isso é Filosofia!
Portanto, seus hábitos, costumes, idioma, valores e crenças são puramente acidentais, você não escolheu nenhum deles.
(Carlos Wilker)
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