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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

SOMOS MESMO LIVRES?

Um determinado indivíduo nasceu no Brasil, fala português, usa calça jeans, come feijão com arroz diariamente, gosta de carnaval, torce entusiasticamente pela SeleçJão e é um cristão fervoroso.

Suponha que você seja esse sujeito. Agora, suponha que você tenha nascido na Arábia Saudita, no Japão ou em alguma tribo indígena isolada. Não é preciso ser um gênio para concluir que seus hábitos, costumes, idioma, valores e crenças seriam totalmente diferentes. Eu te pergunto: você escolheu onde nascer? Óbvio que não, né? 
 
Quando você nasceu no Brasil, já se falava o português, os homens já usavam calça jeans, quase todos já comiam feijão e arroz diariamente, o carnaval já era um festa muito popular, jê existia essa paixão por futebol e o cristianismo já predominava. Tudo que você fez foi adotar aquilo já era anterior a você. Se ao invés do português, no Brasil se falasse inglês, você diria “good morning”, ao invés de “bom dia”.

Nos julgamos sempre livres. Atribuímos nossas opiniões e preferências a nossa liberdade de escolha. Mas ignoramos que não escolhemos tudo isso, mas que tudo isso nos foi “imposto”. Eu não escolhi falar português. Quando eu nasci, meus pais, meus vizinhos e todos a minha volta falavam português. Se ao ter alguns meses de nascido eu tivesse sido enviado para ser criado no México, eu obviamente falaria o idioma desse país.

Alguém pode me perguntar: e quanto a quem nasceu no Brasil, mas não gosta de futebol ou não torce pela seleção, que não gosta de carnaval e não é cristão? Claro, existem muitas pessoas assim e apenas usei esse modelo com um exemplo. Mas vamos pegar alguém que goste de música clássica, torça pela Espanha e sua dieta é consiste em massas. Mesmo assim essas coisas chegaram até ele. São coisas que existem independentes dele. Se a seleção espanhola não existisse, ele não torceria pela Espanha. Sem esquecermos que ele ainda falaria português.

Se você vivesse na Grécia Antiga, você não seria cristão pelo o óbvio fato do cristianismo ainda não existir. Provavelmente você iria acreditar em Zeus, Apolo, Atenas ou qualquer outra divindade grega; se você tivesse nascido há poucos mais de 600 anos atrás no que viria ser chamado de Brasil, você teria os mesmos costumes e hábitos dos nativos, como andar nu, por exemplo.

O meio em que vivemos nos molda. E mesmo quando moldamos o meio em que vivemos, fazemos isso de maneira que esse meio nos permite e nos condiciona. Podemos inverter isso? Talvez. Poderíamos propagar um outro esporte diferente do futebol, por exemplo. Mas teríamos que obedecer leis vigentes e nos adequar aos costumes e hábitos já existentes. Para exemplificar como seria isso, cito um caso em que alguém argumentava que a Filosofia é algo inútil e dispensável. Foi quando eu o interrompi dizendo que ele estava argumentando. Ora, isso é Filosofia!

Portanto, seus hábitos, costumes, idioma, valores e crenças são puramente acidentais, você não escolheu nenhum deles.


(Carlos Wilker)

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