"É como se tivesse perdido um pai", explica Christo Brand, um dos carcereiros da prisão em Robben Island, onde esteve Nelson Mandela, o perigoso "terrorista" a quem começou odiando com todas as suas forças, antes de admirá-lo por sua luta pela paz. Para Brand, foi "uma grande perda para o país e para o mundo", que lhe renderá homenagens durante toda esta semana. "Sinto saudades dele, mas sempre o terei nos meus pensamentos", afirma.Quando chegou à prisão, na costa da Cidade do Cabo, no fim dos anos 1970, seus colegas de trabalho o avisaram sobre o perigoso detento número 46664.
"É o maior criminoso da África do Sul", lhe disseram.A primeira coisa que surpreendeu o guarda novato, que tinha acabado de completar 18 anos, foi que Mandela e seus companheiros eram, na verdade, amigáveis homens de meia-idade.Porém, naqueles anos marcados pela violência e pela propaganda governamental, o preconceito era muito forte.
"Eu comecei a odiá-lo desde o início", conta Brand, com um forte sotaque africâner, a língua dos primeiros colonos brancos."Naquela época, as nossas relações eram as de um carcereiro com um prisioneiro. Mas nos anos 80 as coisas mudaram", explica.
Depois de anos de convívio com os opositores do regime do apartheid, Christo Brand passou a compreender "pelo que eles estavam lutando" e, gradualmente, "mudou o pensamento e as opiniões".
E a mudança não foi apenas de posicionamento político. Perto de Mandela o guarda "cresceu" e aprendeu a importância de estudar muito, ser humilde e prestativo. "Ele me disse: "Quanto mais você dá, mais você recebe''", lembra
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