A escolha da Presidenta Dilma Rousseff como uma dos seis chefes de Estado - os outros são Barack Obama, Raúl Castro, de Cuba, Pranab Mukherjee, da Índia, o vice Li Yuanchao, da China e Hifikepunye Pohamba, da vizinha Namíbia - que discursarão na cerimônia oficial em memória de Nelson Mandela, amanhã, na África do Sul não é apenas uma honra concedida ao nosso país, uma das maiores populações negras fora do continente africano.
É um ato que tem outros significados.
O primeiro deles, a evidência do papel que o nosso país desempenha hoje, tanto entre os Brics que integramos ao lado da África do Sul quanto em toda a comunidade das nações.
É, também, um reconhecimento à postura histórica da diplomacia brasileira em favor da descolonização e do fim da discriminação no continente africano, iniciada com gigantes como o embaixador Ítalo Zappa, nos anos 70, e que ganhou novo e magnífico impulso a partir do Governo Lula, que elevou ao primeiro plano o nosso relacionamento com a África, sob o descaso de inúmeros bocós, que achavam isso uma tolice.
A África, que ninguém se iluda, será a terceira onda de desenvolvimento do mundo moderno, iniciada no final do século 20 com a Ásia, depois deslocada para a América Latina.
A tribuna do tributo a Mandela reunirá América Latina e Ásia à Africa. Barack Obama está lá pela especialíssima circunstância de ser um negro o presidente da mais poderosa Nação do Mundo.
Bush, certamente, não estaria na lista.
Os gestos, na diplomacia, muito além dos obséquios e gentilezas, têm significado político. E neste ato de memória, é evidente, há uma visão de futuro.
(Texto Fernando Brito/Tijolaço).
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