Minas derrotou Aécio
Dilma
ganhou, mas não convenceu. Teve uma frente sobre Aécio de menos de
quatro milhões de votos, a menor de todas as eleições presidenciais do
período da redemocratização do País, inferior aos que foram às urnas
para protestar, que superam a casa dos seis milhões de eleitores, dos
quais 5,2 milhões anularam o voto e 1,021 milhões votaram em branco.
Dilma
não teve, portanto, a maioria absoluta do aval dos brasileiros. Não se
pode culpar o Nordeste pela derrota de Aécio. Já se esperava a vitória
da presidente da região pela média de 70% dos votos devido à escravidão
dos programas sociais, especialmente o Bolsa-Família, que derrotou a
corrupção.
Aécio,
na verdade, não derrotou Dilma porque perdeu em Minas, sua terra natal,
segundo maior colégio eleitoral do País. Candidato a presidente não
pode perder em seu Estado de origem. Quando disputou as eleições,
Garotinho ganhou no Rio, Ciro no Ceará, Brizola no Rio, Serra em São
Paulo e Alckmin em São Paulo.
O
tucano perdeu em Minas porque não soube escolher o candidato a
governador. Subestimou a inteligência mineira e tentou ressuscitar
Pimenta da Veiga, já afastado da política há muitos anos. E o pior: com a
marca na testa do mensalão mineiro. No primeiro turno, Aécio não apenas
foi derrotado em seu Estado como deixou de eleger o governador.
No
segundo turno, teve 48% dos votos contra 52% de Dilma. Dilma venceu em
15 estados, enquanto Aécio Neves (PSDB) ficou à frente em 11 e no
Distrito Federal. A petista triunfou em toda a região Nordeste, mas
também teve bom desempenho no Sudeste, com vitórias em Minas Gerais e no
Rio de Janeiro (55% x 45%).
São
Paulo se apresenta como o principal foco de oposição. No maior colégio
eleitoral do País, o tucano garantiu uma vantagem de quase 7 milhões de
votos, com 64% do total, ante 36% de Dilma. O candidato do PSDB só teve
percentual maior em Santa Catarina, onde conseguiu 65%. No total, Dilma
venceu com 3,4 milhões de votos de vantagem.
A
presidenta teve 70% ou mais dos votos válidos em seis estados: Bahia
(70%), Ceará (77%), Maranhão (79%), Pernambuco (70%), Piauí (78%), Rio
Grande do Norte (70%). O resultado de Pernambuco, de onde saiu a
candidatura Eduardo Campos (PSB), substituído após a tragédia que o
vitimou em agosto deste ano por Marina Silva (PSB), surpreendeu.
No
segundo turno, Marina e a família de Eduardo apoiaram Aécio, mas os
dados mostram que não houve transferência de votos. A vitória de Dilma
ficou pouco abaixo do resultado conquistado em 2010, quando Dilma obteve
75% dos votos no Estado.
Dois
outros fatores a serem registrados: 1) apesar da derrota, o tucano é o
candidato do PSDB mais bem votado numa disputa de 2º turno; 2) a petista
venceu, mas está sendo reconduzida com menor taxa de apoio desde 2002,
quando se estabeleceu a polarização PT-PSDB no plano nacional (com a
realização de segundo turno).
Em
Minas Gerais, a diferença foi de 550 mil votos. Seriam insuficientes
para o tucano ter invertido o resultado. Só que no começo da corrida
presidencial, o que todos ouvíamos dos tucanos era que o candidato Aécio
Neves iria destroçar qualquer adversário em solo mineiro.
Sua
vitória seria com 70% ou mais dos votos válidos. Até na última
sexta-feira (24.out.2014), a cúpula tucana vendia nos bastidores a ideia
de que teria ocorrido uma grande virada pró-PSDB em Minas Gerais. Os
tais “trackings'' (pesquisas diárias e secretas das campanhas)
apontariam nessa direção. Estava tudo errado.
Se
essas previsões tucanas tivessem se confirmado, a história teria também
sido outra –até porque o total de votos válidos em Minas foi de quase
11,5 milhões. Uma vitória acachapante entre os mineiros teria dado a
Aécio o Palácio do Planalto.
Magno Martins
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor, registrar E-mail