Trecho de reportagem do site The Intercept, o primeiro a desmascarar o ex-juiz de Curitiba:
Ele foi forçado a deixar seu cargo no Ministério Público Federal porque estava claro que pelo menos um dos processos disciplinares que pairavam acima de sua cabeça iria de fato alcançá-lo. Melhor sair antes que um veredicto pudesse ser emitido, tornando-o oficialmente ficha suja sob a Lei da Ficha Limpa, que durante anos foi base de seu palanque como um texto santificado da sua cruzada anticorrupção.
Como deixou transparecer nos últimos anos, parece que Deltan não leu as letras miúdas da lei e hoje ele é um político ficha suja inelegível por oito anos. É parte de uma série de decisões judiciais importantes contra ele recentemente e provavelmente não é o fim de seus problemas legais.
Antes da Vaza Jato, Sergio Moro, o juiz que fez dobradinha com Deltan e sua equipe, conspirando ilegalmente, era considerado favorito à presidência em 2022. Após revelações contundentes, uma decisão do STF de que ele era um juiz parcial, uma passagem vergonhosa no governo Bolsonaro e uma campanha presidencial ainda mais embaraçosa, Moro agora é senador que é visto com desconfiança pelos colegas e regularmente esculachado no plenário. Mas ele tem dois casos pairando sobre sua cabeça que podem levá-lo a se juntar a Deltan na cassação. Seu crédito é tão baixo que seus colegas do judiciário paranaense chegaram a se pronunciar contra ele, afirmando que não era difamatório chamá-lo de “juiz corrupto”.
Novos detalhes de sua conduta rasteira continuam a surgir. Apesar de Moro se esforçar para evitar que sua fama seja ainda mais enlameada, o STF concedeu esta semana um salvo-conduto a Tacla Duran, o advogado que há tempos acusa Moro de estar no centro de um esquema de extorsão milionária, para que ele possa voar a Brasília pela primeira vez em anos, sem risco de prisão, para apresentar suas provas à Câmara.
A reviravolta mais dramática desencadeada pelas revelações da Vaza Jato é, sem dúvida, a anulação da condenação criminal do atual presidente, Lula, proferida por Moro. Veio junto a soltura e a disputa pela presidência. Lula, o político mais conhecido e popular do Brasil, só conseguiu derrotar Bolsonaro em uma eleição marcada por fraude e coerção de Bolsonaro e aliados por um fio de cabelo. É difícil imaginar outro candidato com força para vencer e evitar que o país mergulhasse ainda mais profundamente no autoritarismo militarizado.
*Fotos: CGN
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