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domingo, 22 de maio de 2011

Cheiro de pólvora.

Franklin Martins já está trabalhando. Acertei na mosca! Querem ver?
Vocês hão de convir, não é? Conheço a alma dessa gente assim como um exorcista conhece as tramóias do capeta. Ontem, Franklin Martins foi chamado ao Castelo da Alvorada — não chamo de “palácio” porque rainhas ficam reclusas em castelos, certo? Escrevi aqui um texto intitulado“Franklin foi chamado ao Castelo da Alvorada; vem jogo bruto por aí…” Palocci também contratou uma assessoria pessoal.


“Agora eu estabeleço um prazo de, sei lá, dois ou três dias para que apareça uma acusação cabeluda contra algum figurão da oposição.Querem apostar? Estou certo de que Franklin constatou: ‘A primeira coisa a fazer é tirar do noticiário a suspeita de que isso tudo é coisa de guerra interna; enquanto estivermos nessa, estaremos acusados’. E alguém lembrará: ‘Mas não há nem indício de que seja a oposição’. Ao que ele responderá: Então precisamos recriar a guerra entre ‘nós’ e ‘eles’, para a mídia nos dar uma folga’.”


Muito bem. Eis que, no Estadão deste sábado, leio que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva monitora o caso Palocci com telefonemas a Dilma Rousseff e a Gilberto Carvalho. Sua orientação é resistir. Segundo o que se lê, ele considera que está em curso algo semelhante ao que ele sofreu com o mensalão — como sabemos, Lula e Franklin sustentam que aquilo tudo nunca existiu. Mas o trecho mais surpreendente da reportagem assinada por Vera Rosa é este:


(…)
Apesar de comentários sobre o “fogo amigo” na seara do PT contra o ministro, tanto Lula como dirigentes do partido estão convencidos de que o tiroteio contra Palocci partiu do PSDB e, mais especificamente, de pessoas ligadas ao ex-governador José Serra na Prefeitura de São Paulo. Por essa avaliação, o objetivo de Serra seria derrubar Palocci, o mais importante ministro da equipe, para atingir Dilma, inviabilizar o governo logo em seu primeiro ano e torpedear o PT. O partido não tem dúvidas de que Serra é pré-candidato à sucessão municipal, em 2012.


No PSDB, a análise de que o ex-governador teria interesse em desestabilizar Palocci é considerada “insustentável”, digna de uma “teoria da conspiração”. Serra, quando questionado sobre a crise envolvendo Palocci, na segunda-feira, afirmou que o ministro não poderia ser crucificado. “Não tenho o papel de julgador a esse respeito. Acho normal que uma pessoa tenha rendimentos quando não está no governo e que esses rendimentos promovam uma variação patrimonial”, disse o tucano.


Voltei
Pronto! O trabalho de Franklin Martins já começou a render frutos, e há o risco de eu ficar com a fama de visionário só porque conheço o caráter, ou a falta dele, dos companheiros. Que indício existe? Nenhum! Vera Rosa faça o que quiser, mas usar as páginas no Estadão para veicular uma especulação que é mera peça de uma estratégia de defesa não me parece uma prática consagrada do melhor jornalismo. Sugiro que tucanos liguem para ela amanhã e digam:“Escreve aí que nós achamos que isso partiu do José Dirceu e do Ricardo Berzoini”. Ela escreveria? A se usar sempre esse expediente, ninguém precisa apurar mais nada. Reportagem vira fofoca de bastidores. Se, amanhã, os petistas mudarem de idéia e acharem que, na verdade, é coisa de Aécio Neves, vai se veicular a nova versão?


Serra, que apanhou muito nas redes sociais e até no colunismo, porque não avançou no pescoço de Palocci, tornou-se agora o “suspeito” de… Franklin Martins! A propósito: ele tentaria desestabilizar Palocci e o governo Dilma para… se candidatar à Prefeitura de São Paulo??? É uma sandice. Então ficamos assim por uma questão de pura lógica elementar: considerando que não será candidato à Prefeitura, então não foi ele… Mais curioso ainda:parlamentares ligados ao PSD de Gilberto Kassab, apontado como aliado de Serra — até outro dia se dizia que era ele o Maquiavel secreto por trás do partido — não votaram a favor da convocção do ministro para falar na Câmara.


Franklin é óbvio, mas não é burro. O governo está todo embananado porque sabe que está lidando com fogo amigo. Não tinha o que dizer; não tinha palavra de guerra. Por isso foram chamar o Mestre da Truculência, o Profeta do Controle da Mídia, o prefaciador de livro de um homem que confessa ter matado ao menos 10 pessoas - em nome da causa naturalmente. Em nome da causa, essa gente faz qualquer coisa. O “inteligente” Franklin Martins resolveu reeditar a guerra. Vamos ver se a farsa vai funcionar.


Não obstante, Palocci continua a sangrar. Agora se sabe que ao menos R$ 10 milhões dos R$ 20 milhões que sua empresa faturou no ano passado foram pagos depois da eleição de Dilma, quando já se tinha como certo que ele seria ministro, sem contar todos os postos importantes que ocupou na Câmara, como bem lembra editorial do Estadão, que lidavam com temas que interessavam a potentados do capital — seus potenciais (e reais) clientes.


O jogo bruto começou. Este cheiro de pólvora que se percebe é Franklin Martins na área. Ele é bom disso.

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