A influência exercida pela ex-chefe do escritório da Presidência
da República em São Paulo, Rosemary Noronha, no governo federal, revelada em
e-mails interceptados pela operação Porto Seguro, decorre da longa relação de
intimidade que ela manteve com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rose
e Lula conheceram-se em 1993. Egressa do sindicato dos bancários, ela se
aproximou do petista como uma simples fã. O
relacionamento dos dois começou ali, a um ano da corrida presidencial de 1994.
Marisa Letícia, a mulher do ex-presidente, jamais escondeu que não gostava da
assessora do marido.
Sua tarefa era
oficialmente "prestar, no âmbito de sua atuação, apoio administrativo e
operacional ao presidente da República, ministros de Estado, secretários Especiais
e membros do gabinete pessoal do presidente da República na cidade de São
Paulo". Rose contava com três assessores e motorista. Durante 19 anos, o
relacionamento de Lula e Rose se manteve oculto do público.
MARISA SABIA - Em Brasília, a
agenda presidencial tornou a relação mais complicada. Quando a então
primeira-dama Marisa Letícia não acompanhava o marido nas viagens
internacionais, Rose integrava a comitiva oficial. Segundo levantamento da
Folha tendo como base o "Diário Oficial", Marisa não participou de
nenhuma das viagens oficiais do ex-presidente das quais Rosemary participou.
Integrantes do
corpo diplomático ouvidos pela reportagem, na condição de anonimato, afirmam
que a presença dela sempre causou mal-estar dentro do Itamaraty. Na opinião
deles, a ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo não era necessária.
Oficiais da
Aeronáutica se preocupavam com o fato de que ela por vezes viajava no avião
presidencial sem estar na lista oficial. Em muitas vezes, Rose seguia em voos
da equipe que desembarca antes do presidente da República para preparar sua
chegada.
PRESENÇA
CONSTANTE - Nessas viagens,
seguranças que guardavam a porta da suíte presidencial nas missões fora do
Brasil registravam ao superior imediato a presença da assessora. Oficiais do
cerimonial elaboravam roteiro e mapa dos aposentos de modo a permitir que o
presidente não fosse incomodado.
Na chefia do
gabinete, ela construiu a fama de pessoa de temperamento difícil. Lula chegou a
receber de amigos reclamações dando conta de que ela tratava mal os
funcionários. Um deles
descreveu um episódio em que ela teria pedido para serventes limparem "20
vezes" o chão do escritório até que ficasse realmente limpo.
Apesar do
temperamento, Rose era discreta e não gostava de contato com a imprensa. Em
algumas festas e cerimônias, controlava a porta de salas vips, decidindo quem
podia ou não entrar. Também costumava se consultar com o médico de Lula e da
presidente Dilma Rousseff, Roberto Kalil.
Rose acompanhou o
ex-presidente em algumas internações durante o período em que este se
recuperava do tratamento de um câncer no Sírio-Libanês, em São Paulo. Mas só
pisava no hospital quando Marisa Letícia não estava por perto.
Na campanha
presidencial de 2006, a
chefe de gabinete circulou nos debates televisivos que Lula teve com o tucano
Geraldo Alckmin. Ministros e amigos do ex-presidente não negam o relacionamento
de ambos. Foi de Lula a decisão de manter Rosemary em São Paulo, conforme
relatos de pessoas próximas.
Fonte: Texto da Folha de São Paulo/ Foto do Portal Brasil 247.
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