Como um doleiro e cinco beldades ambiciosas se juntaram a prefeitos e parlamentares para desviar recursos dos fundos de pensão
Foto: Facebook
PURA SEDUÇÃO – Loura olhos azuis e com um corpo de 1,75 esculpido em academias de ginástica, Luciane Hoepers conseguiu em apenas 72 horas, fazer com que um prefeito transferisse R$ 21 milhões para a quadrilha
PURA SEDUÇÃO – Loura olhos azuis e com um corpo de 1,75 esculpido em academias de ginástica, Luciane Hoepers conseguiu em apenas 72 horas, fazer com que um prefeito transferisse R$ 21 milhões para a quadrilha
Fonte: IstoÉ
Com 11 homens e cinco loiras, em menos de dois anos uma quadrilha em atividade em sete Estados brasileiros desviou R$ 300 milhões de institutos de previdência complementar de servidores municipais. Convencido de que a oferta de beleza feminina poderia ser usada como um argumento irresistível para seduzir prefeitos, que têm o direito legal de movimentar, com uma assinatura, as milionárias reservas que garantem a aposentadoria complementar de funcionários públicos, o doleiro Fayed Traboulsi foi à luta por um mercado próspero e seguro.
Constituído por arquitetos financeiros, investidores e simples oportunistas, o grupo abusava de uma estratégia clássica – a cruzada de pernas em ambiente de trabalho – para conquistar mais clientes e fechar novos contratos. A quadrilha foi apanhada pela Polícia Federal na Operação Miqueias, assim chamada em homenagem a um profeta bíblico do século VII a.C., conhecido por ter deixado uma maldição que atravessou 2.700 anos: “Ai daqueles que tramam o mal em suas camas”. Em relatório, a PF descreve as aventuras de Luciane Hoepers, Isabela Helena, Fernanda Cardoso, Cynthia Cabral e Alline Olivier em Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia e Tocantins.
Lindas e bem ensaiadas, as moças conhecidas como “pastinhas” eram encarregadas de uma missão decisiva de toda negociação: o primeiro contato. Marcavam visitas em gabinete, aceitavam convites para almoçar e jantar. Não saíam de perto até que os contratos fossem assinados. A polícia não faz relatos explícitos sobre o que ocorria antes, durante e depois dos primeiros contatos. Deixa tudo para a imaginação de cada um.
Constituído por arquitetos financeiros, investidores e simples oportunistas, o grupo abusava de uma estratégia clássica – a cruzada de pernas em ambiente de trabalho – para conquistar mais clientes e fechar novos contratos. A quadrilha foi apanhada pela Polícia Federal na Operação Miqueias, assim chamada em homenagem a um profeta bíblico do século VII a.C., conhecido por ter deixado uma maldição que atravessou 2.700 anos: “Ai daqueles que tramam o mal em suas camas”. Em relatório, a PF descreve as aventuras de Luciane Hoepers, Isabela Helena, Fernanda Cardoso, Cynthia Cabral e Alline Olivier em Amazonas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia e Tocantins.
Lindas e bem ensaiadas, as moças conhecidas como “pastinhas” eram encarregadas de uma missão decisiva de toda negociação: o primeiro contato. Marcavam visitas em gabinete, aceitavam convites para almoçar e jantar. Não saíam de perto até que os contratos fossem assinados. A polícia não faz relatos explícitos sobre o que ocorria antes, durante e depois dos primeiros contatos. Deixa tudo para a imaginação de cada um.
Loira, olhos azuis, com tatuagens provocantes num corpo de 1,75 m esculpido em academias de ginástica, Luciane Hoepers, 33 anos, foi a pioneira na atividade. Seu potencial para o negócio foi intuído pelo doleiro Traboulsi e confirmado várias vezes. Num bem-humorado depoimento prestado à polícia, na semana passada, Luciane admitiu que, entre dez prefeitos seduzidos, engatou namoro firme com pelo menos um.
Ambiciosa e desembaraçada – numa experiência profissional anterior animava programas de auditório –, Luciane trouxe resultados com tanta rapidez que a equipe feminina logo foi ampliada. Uma das moças, Fernanda Cardoso, agia em encontros de prefeitos na capital federal. Garota-propaganda de academia, Cynthia Cabral, 31 anos, disputava fundos de pensão (e atenções dos prefeitos) em cidades menores nas vizinhanças de Brasília.
Mas nenhuma acumulou tantas proezas como Luciane, especialista em grandes transações. Apenas 72 horas depois de receber Luciane em audiência, em Cuiabá, o prefeito Chico Galindo registrou pedido para transferir R$ 21 milhões para os fundos gerenciados pela quadrilha. Após uma conversa iniciada com dois parentes do prefeito Maguito Vilela, de Aparecida de Goiânia, ela arrebatou R$ 9 milhões, operação que, conforme a Polícia, gerou prejuízo de R$ 1,4 milhão.
Antes de se dedicar aos fundos de pensão e de ter sido presa pela PF por participar do esquema, Luciane foi sócia de uma empresa que fornecia material gráfico para prefeituras de Santa Catarina, seu Estado natal. Acusada de apresentar notas superfaturadas, foi afastada da empresa pela antiga sócia.
A mobilização de moças bonitas para dobrar homens públicos é um recurso comum. Quando Brasília debatia a legalização do jogo, sete modelos esculturais recebiam R$ 22 mil mensais para desfilar pelo Congresso e puxar conversa com parlamentares. Hoje, empresas de telefonia, marcas de refrigerante e mineradores investem nesse tipo de auxílio direto.
Mas as moças dos fundos de pensão tinham um charme especial: não ficavam de bico calado nas reuniões. Eram treinadas para argumentar em tom profissional sobre opções financeiras, responder perguntas técnicas e comparar rendimentos dos concorrentes, a começar pela Caixa Econômica e pelo Banco do Brasil, maiores reservatórios dos depósitos dos fundos de pensão do setor público, conhecidos por manter uma postura prudente nos investimentos.
A combinação daqueles corpos espetaculares – depois que o caso foi parar nos jornais, Luciana Hoepers aguarda convites para fotos em revistas masculinas – com uma conversa em torno de milhões de reais deixava os prefeitos boquiabertos e vencidos. “Todo mundo oferece benefícios para atrair um cliente que possui recursos milionários. Mas o padrão é oferecer vantagens, e não mulheres bonitas,” afirma um executivo da Caixa.
Ambiciosa e desembaraçada – numa experiência profissional anterior animava programas de auditório –, Luciane trouxe resultados com tanta rapidez que a equipe feminina logo foi ampliada. Uma das moças, Fernanda Cardoso, agia em encontros de prefeitos na capital federal. Garota-propaganda de academia, Cynthia Cabral, 31 anos, disputava fundos de pensão (e atenções dos prefeitos) em cidades menores nas vizinhanças de Brasília.
Mas nenhuma acumulou tantas proezas como Luciane, especialista em grandes transações. Apenas 72 horas depois de receber Luciane em audiência, em Cuiabá, o prefeito Chico Galindo registrou pedido para transferir R$ 21 milhões para os fundos gerenciados pela quadrilha. Após uma conversa iniciada com dois parentes do prefeito Maguito Vilela, de Aparecida de Goiânia, ela arrebatou R$ 9 milhões, operação que, conforme a Polícia, gerou prejuízo de R$ 1,4 milhão.
Antes de se dedicar aos fundos de pensão e de ter sido presa pela PF por participar do esquema, Luciane foi sócia de uma empresa que fornecia material gráfico para prefeituras de Santa Catarina, seu Estado natal. Acusada de apresentar notas superfaturadas, foi afastada da empresa pela antiga sócia.
A mobilização de moças bonitas para dobrar homens públicos é um recurso comum. Quando Brasília debatia a legalização do jogo, sete modelos esculturais recebiam R$ 22 mil mensais para desfilar pelo Congresso e puxar conversa com parlamentares. Hoje, empresas de telefonia, marcas de refrigerante e mineradores investem nesse tipo de auxílio direto.
Mas as moças dos fundos de pensão tinham um charme especial: não ficavam de bico calado nas reuniões. Eram treinadas para argumentar em tom profissional sobre opções financeiras, responder perguntas técnicas e comparar rendimentos dos concorrentes, a começar pela Caixa Econômica e pelo Banco do Brasil, maiores reservatórios dos depósitos dos fundos de pensão do setor público, conhecidos por manter uma postura prudente nos investimentos.
A combinação daqueles corpos espetaculares – depois que o caso foi parar nos jornais, Luciana Hoepers aguarda convites para fotos em revistas masculinas – com uma conversa em torno de milhões de reais deixava os prefeitos boquiabertos e vencidos. “Todo mundo oferece benefícios para atrair um cliente que possui recursos milionários. Mas o padrão é oferecer vantagens, e não mulheres bonitas,” afirma um executivo da Caixa.
Para desvendar os segredos da quadrilha, a Polícia Federal escalou a delegada Andréia Pinho para conduzir as investigações. Andréia logo viu que o esquema gerou prejuízos ao pensionistas e ganhos incríveis para a quadrilha. Os ganhos maiores não ficavam com a mão de obra feminina, mas mesmo esta era bem remunerada. Costumava receber entre 2% e 5% dos ganhos permitidos por cada negócio.
O bando comprou uma dezena de carros de luxo, no valor de R$ 500 mil cada um. Também adquiriu um iate de R$ 5 milhões. No plano pessoal, as companhias femininas abalaram o casamento de pelo menos um parlamentar.
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