O desafio de colocar o Brasil no trilho do desenvolvimento, com geração de emprego e renda passa, necessariamente, por um projeto que integre todos os atores econômicos do país, defende o presidente Lula.
Em entrevista à CNN, esta semana, o petista garantiu que não quer atrito com os agentes do sistema financeiro, mas não abre mão de governar em nome do povo que o elegeu. “Eu não estou governando para o mercado”, avisou, na conversa com a âncora Daniela Lima. Na entrevista, Lula também assegurou que o salário mínimo será reajustado, a partir de maio, para R$ 1.320, e que a isenção do Imposto de Renda vai subir para R$ 2.640.
“É um compromisso meu com o povo brasileiro, que vamos acertar com o movimento sindical – está combinado com o Ministério do Trabalho, está combinado com o ministro Haddad – que a gente vai em maio reajustar para R$ 1.320 e estabelecer uma nova regra para o salário mínimo, que a gente já tinha no meu primeiro mandato”, disse Lula.
“O salário mínimo, além da reposição inflacionária, terá o crescimento do PIB, porque é a forma mais justa de você distribuir o crescimento da economia”, explicou o presidente. “Não adianta o PIB crescer 14% e você não distribuir. É importante que ele cresça 5%, 6% , 7% e você distribuí-lo para a sociedade. Nós vamos aumentar o salário mínimo todo ano de acordo com a inflação, será reposta, e o crescimento do PIB será colocado no salário mínimo”, garantiu.
Sobre o Imposto de Renda, Lula também esclareceu que a meta é que a isenção seja reajustada gradativamente até chegar ao valor de R$ 5 mil, outra promessa de campanha. “Vamos começar a isentar em R$ 2.640 até chegar em R$ 5 mil de isenção. Tem que chegar, porque foi compromisso meu e vou fazer”. A faixa hoje se encontra em R$ 1.903,98, valor nunca corrigido nos quatro anos de Bolsonaro.
“Quando a gente pensa em Imposto de Renda nesse país, a gente vê que quem ganha R$ 6 mil está entre os 10% mais ricos. Não é possível. Se o cara tiver que pagar aluguel e tiver dois filhos na escola, mal dá para ele comer”, lamentou. “E esse cara é tratado como rico e é descontado dele 27% daquilo que é dois salários munimos, ele paga proporcionalmente mais do que o cara que vive de dividendos e que não paga 27%. Temos de corrigir isso”.
Governo e mercado financeiro
“Não há política de enfrentamento ao mercado”, assegurou Lula. Ele lembrou que o sistema financeiro conhece seu estilo de governar. “É preciso que a gente pegue o histórico do que foi o primeiro governo. Pegamos uma inflação de 12%, uma dívida externa de US$ 30 bilhões, desemprego de 12%, dívida pública interna de 60,7% e o Brasil não tinha reserva. O [Pedro] Malan viajava todo fim de ano para tentar arrumar dinheiro para fechar o caixa”.
“O que fizemos? Trouxemos a inflações para dentro da meta, 4,5%, mais dois, menos dois [de flutuação], criamos 22 milhões de empregos, criamos uma reserva de quase US$ 370 bilhões, pagamos a dívida externa, diminuímos a dívida pública de 60,7% para 37,7%, fomos o único país do G20 que fez superávit primário durante todo o período de governo”, elencou Lula.
“Sei da existência do mercado e do que faz para ganhar dinheiro, mas estou governando para o povo brasileiro”, advertiu. “Estou governando para tentar recuperar o bem-estar social que o povo brasileiro alcançou no tempo em que fui presidente. Quero mais emprego, salário, que as pessoas almocem, tomem café e jantem todo santo dia, que vivam mais felizes”.
“Esse mercado é muito frágil, precisa ter mais seriedade. Eu, se fizesse o discurso que o Biden fez no Congresso na semana passada, seria chamado de comunista. O mercado está muito conservador, é preciso ter um pouco de sensibilidade social, o país precisa melhorar de vida, o povo brasileiro quer morar bem, comer bem e se vestir bem”, pediu.
Banco Central
Lula afirmou que não tem interesse em criar atrito com o comandante do Banco Central, Roberto Campos Neto, porque não é papel do presidente da República. “Como presidente da República, não me interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central e que eu mal conheço. Se ele topar, vou levá-lo para conhecer os lugares mais miseráveis do Brasil. Ele tem que saber que, neste país, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, disse.
*Da Assessoria de Imprensa.
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