Tanto Marília Arraes (Solidariedade) quanto Raquel Lyra (PSDB), que disputaram o segundo turno do Governo do Estado, estão passando por momentos delicados na vida política.
A tucana, logicamente, está em vantagem, pois venceu a eleição e ocupa o gabinete principal do Palácio das Princesas. É a primeira mulher a governar Pernambuco.
Mas desde que assumiu enfrenta turbulências. Logo no início, assinou um decreto exonerando indiscriminadamente servidores comissionados e contratados, recebendo críticas até de aliados.
Teve que recuar um pouco, até porque escolas e hospitais ficaram sem funcionar a contento por falta de pessoal.
Recentemente, sindicatos denunciaram que o governo estadual atrasou o salário de funcionários terceirizados. Segundo as notícias, alguns servidores estavam dois meses sem receber.
Por último, o jornalista Jamildo Melo, do Jornal do Commercio, noticiou, baseado em nota do Sindicato dos Professores, que até agora a gestão de Raquel não garantiu o fardamento dos alunos das mais de mil escolas estaduais.
Além disso, informou Jamildo, com base na nota do Sindicato, o governo não pagou o Vem Trabalhador, que é um cartão usado pelos professores nos deslocamentos de casa para as escolas.
Ainda na área da educação, há uma cobrança dos professores em relação ao pagamento do novo piso da categoria, anunciado pelo Governo Federal. Até o momento o Estado não definiu como vai ficar a situação em Pernambuco.
MARÍLIA - Se Raquel sofre as cobranças e pressões naturais de quem está no governo, a situação de Marília Arraes é um pouco mais complicada.
Pra começar ela perdeu duas eleições majoritárias seguidas. Uma na disputa pela prefeitura do Recife, quando foi derrotada pelo primo João Campos e o ano passado quando foi superada por Raquel Lyra, no segundo turno, por larga vantagem.
Ficou sem mandato de deputada, está às portas de dar à luz a sua terceira filha - Maria Magdalena - e até agora não foi contemplada pelo presidente Lula, a quem defendeu ardorosamente toda vida. Na campanha política passada esteve com o petista em todos os momentos, ninguém em Pernambuco foi mais fiel ao líder da esquerda do que ela.
Mesmo assim, ficou fora do primeiro escalão do governo, enquanto André de Paula, que foi seu candidato ao senado e teve uma votação decepcionante, hoje é ministro da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
O pleito do grupo de Marília, pela superintendência da Sudene, está ameaçado. Também lutam pela direção do órgão o PT, à frente os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, o MDB e o PSB (Danilo Cabral é um dos nomes cogitados).
Para completar, alguns aliados da neta de Arraes, que apoiaram sua candidatura no primeiro e segundo turno, andam reclamando, inclusive aqui na região do Agreste Meridional.
Segundo eles, ela não aprendeu nada com as derrotas. Não deu satisfação aos correligionários, não agradeceu o esforço que foi feito e se recusa a atender algumas lideranças.
Raquel pode ter problemas, mas com a máquina do estado nas mãos pode dar a volta por cima facilmente. Tem tempo pra isso. Marília, sem mandato, com inimigos políticos até mesmo entre os que acreditaram nela, terá dificuldades para se reerguer.
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