Refém do poder
Além de querer ressaltar os resultados da sua gestão, o governador Eduardo Campos (PSB) tem outras razões para se recusar a fazer declarações sobre as eleições municipais de 2012 ou comentários no âmbito nacional, a não ser que quer ter condições de apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Ao ser releeito com 82% dos votos válidos, o governador tem no rastro desta vitória não apenas um grande trunfo mas também um motivo que provoca ciúmes e receios de adversários. E grandes vitórias também abrem flancos para isolamentos. No plano nacional, por exemplo, qualquer movimentação de Eduardo gera reações de todos os grandes partidos, como aconteceu nas recentes conversas que ele teve com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que deixou o DEM para criar uma nova legenda, o PSD, que no primeiro momento se disse que iria se fundir com PSB, comandado nacionalmente pelo governador. E ainda é muito cedo para colocar as cartas na mesa, embora isso não queira dizer que o governador não esteja agindo em torno do cenário nacional e acompanhando os passos do PT, PMDB e PSDB, partidos que estão centrados na sucessão presidencial de 2014. No estado, comandando uma gigantesca frente partidária, qualquer observação do governador é vista com lentes de aumento e pode provocar uma desarrumação entre os aliados tanto em torno das eleições municipais de 2012 como em relação à sucessão estadual de 2014, que terminam favorecendo a oposição. A opção pelo silêncio, portanto, tem lá seus motivos. De uma certa maneira, o governador está refém do grande poder que conquistou.
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