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Começou a nascer o PSD de Gilberto Kassab. Neste início de trabalho de parto, há dúvidas quanto à natureza do rebento.
Uns dizem que é partido político. Outros declaram que é estuário de mágoas. Muitos afirmam que se trata de mero entreposto.
Seja lá o que for, já cativou 32 deputados, dois senadores, cinco vice-governadores e um governador.
Reunida ao redor do ‘ex-demo’ Kassab, a tropa assinou ficha de filiação ao PSD. Coisa simbólica, já que o parto ainda não se consumou.
Para que a certidão de nascimento seja expedida pelo TSE, será necessário recolher as assinaturas de 490,3 mil testemunhas, em nove Estados.
A nova legenda reúne malcontentes de vários matizes. Há ‘demos’ arrependidos, tucanos compungidos, pepêésses contritos...
Há até governistas à procura de um pouco mais e$paço. No esforço para contentar todo mundo, Kassab recorre ao ziguezague retórico.
Pai da criança e provedor do parto, o prefeito de São Paulo diz que a nova agremiação vai ajudar Dilma Rousseff. Mas sem atrelamentos.
Kassab soa divertidamente dicotômico: “Estamos à disposição para ajudá-la. Queremos que seu governo dê certo, é importante para o Brasil. Isso não significa atrelamento".
Como assim? "O partido tem entre seus fundadores integrantes que estiveram ao lado da presidente Dilma na campanha...”
“...Trabalharam por sua eleição e se sentem compromissados com seu governo. Terão total liberdade para continuar dando esse apoio".
Mas a legenda também incorpora egressos do derrotado projeto José Serra-2010, Kassab recordou.
No dizer do prefeito, são políticos que, "a partir de agora, se sentem liberados para votar a favor dos projetos que sejam compatíveis com suas convicções".
Ficou entendido o seguinte: quem já era governo continua sendo. Quem era oposicionista ganha um passaporte para o governismo.
A migração ocorre num instante em que a oposição, às voltas com seus desencontros, se dá conta de que quem vive de esperanças pode morrer muito magro.
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