O ex-guerrilheiro, Fidel, hoje é um ancião frágil, com dificuldades para caminhar, e sua famosa oratória se resume agora a um sussurro. Mas cubanos que tiveram contato com ele nas raras saídas de casa dizem que Fidel continua lúcido e relativamente bem de saúde, depois de quase ter morrido por causa de uma doença gástrica em 2006.
Foto: Ismael Francisco/Reuters
Fidel Castro e seu irmão, Raúl Castro, presidente de Cuba, Raúl Castro, durante sessão da Assembleia Nacional do Poder Popular, em Havana, Cuba, fevereiro de 2013.
Fora de vista, mas longe de estar esquecido, Fidel Castro completa 87 anos nesta terça-feira, num momento em que o regime comunista cubano revê várias das políticas implantadas pelo líder revolucionário.
Nos últimos anos, o aniversário de Fidel é comemorado com discrição. Desta vez, o único evento oficial planejado é a apresentação de um coral junto ao monumento a José Martí, em Havana, na noite de segunda-feira.
Fidel, que em 2008 transferiu o poder a seu irmão caçula, Raúl, raramente é visto em público, e não se sabe ao certo que influência o governante aposentado ainda exerce. De vez em quando, ele reaparece para mostrar a seus seguidores - e também aos detratores - que continua presente.
"Ninguém mais acredita que Fidel tenha qualquer influência real sobre as políticas do dia-a-dia", disse um diplomata estrangeiro. "Mas isso não significa que ele nunca seja consultado sobre as grandes questões, ou que quando ele se manifeste não seja importante."
O governo promoveu apenas três eventos midiáticos para Fidel neste ano: quando ele votou para deputado e conversou com jornalistas, em janeiro; quando foi à sessão inaugural do Parlamento, em fevereiro; e, mais recentemente, quando inaugurou uma escola perto da sua casa, nos arredores de Havana.
Além disso, a imprensa oficial eventualmente publica fotos dele conversando com dignitários visitantes, ou então artigos sobre temas contemporâneos.
O ex-guerrilheiro hoje é um ancião frágil, com dificuldades para caminhar, e sua famosa oratória se resume agora a um sussurro. Mas cubanos que tiveram contato com ele nas raras saídas de casa dizem que Fidel - oficialmente qualificado como "líder histórico da revolução" - continua lúcido e relativamente bem de saúde, depois de quase ter morrido por causa de uma doença gástrica em 2006.
"Ele estava velho, mas o mesmo Fidel de sempre, fazendo perguntas, citando estatísticas do ano passado e de antes, andando por aí, rindo e conversando com todos", disse um funcionário da Empresa Genética Pecuaria Los Naranjos, na província de Artemisa, cerca de 50 quilômetros a oeste da capital. "Sua cabeça ainda estava incrível."
O trabalhador, que pediu para não ter o nome citado, disse que em 26 de abril Fidel fez uma inesperada visita de duas horas à empresa, voltada para a melhoria da criação animal.
Em seus escritos, cada vez mais esporádicos, Fidel diz que se dedica principalmente a melhorar a produtividade agrícola do país.
"Fidel é Fidel, e ele continua experimentando com o interior", disse um agricultor na província de Camaguey, no centro do país, que também pediu para não ser identificado.
Raúl, de 82 anos, assumiu interinamente o cargo quando Fidel adoeceu, e foi efetivado meses depois. Ele atualmente promove um ambicioso plano para tornar a economia mais eficiente, substituindo o paternalismo de estilo soviético por um sistema mais aberto ao livre mercado, nos moldes da China e do Vietnã.
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