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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

MORRE O GOVERNADOR MARCELO DEDA


O governador Marcelo Déda Chagas (53) faleceu na madrugada às 4h45 desta segunda-feira, 2 de dezembro de 2013. Desde setembro do ano passado, ele lutava contra um câncer no estômago. Déda se licenciou do governo no último dia 27 de maio e fazia tratamento contra a doença no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. 
O governador, casado com Eliane Aquino, deixa cinco filhos. A informação sobre o falecimento foi feita pelo Twitter do próprio Déda (rede social que ele usava frequentemente, inclusive, durante todo o tratamento): "O céu acaba de ganhar mais uma estrela, Marcelo Déda voou 'nas asas da quimera'. Paz & Bem - família Marcelo Déda". Ainda não há informações sobre o velório e o enterro. Sabe-se apenas que o velório ocorrerá no Palácio-Museu Olímpio Campos, no centro de Aracaju.
Durante o domingo (1º), políticos de diferentes linhas ideológicas já lamentavam o agravamento da doença e postavam mensagens de solidariedade nas redes sociais. Na noite do sábado (1º), o hospital emitiu um boletim de ocorrência em que informava sobre o agravamento do quadro clínico. Em junho, quando foi submetido a uma delicada cirurgia - extração do baço -, Déda gravou um áudio, onde pedia orações ao povo sergipano.

Na luta contra a doença, Marcelo Déda deu exemplo de garra e determinação pela vida e também da sua disposição em trabalhar pelo Estado de Sergipe. Mesmo em tratamento, ele se manteve a frente do governo, em prol da aprovação do Proinveste, projeto que destinou mais de R$ 720 milhões, em recursos federais, para Sergipe. Sua ação política, neste caso, foi reconhecida até pela oposição, que em primeira votação rejeitou o empréstimo, mas diante de um canal de diálogo aberto com todas as lideranças políticas do Estado, Déda conseguiu reverter o quadro e aprovar o empréstimo.
No dia da sanção do programa, em 13 de maio, o governador realizou um discurso histórico e emocionante – o último antes de se licenciar do cargo. “Estou aqui por dois grandes motivos: primeiro, porque eu fiz da política a minha grande vocação, a minha vida. A política me deu tudo: prestigio, visibilidade, um salário, é do que vivo. 
Os sergipanos me deram algo difícil de encontrar num político brasileiro: quatro eleições do Executivo ganhas no primeiro turno (duas de prefeito, duas de governador). Como não retribuir? Como desistir, como deixar pra lá? Eu não consigo, eu não consigo, eu não consigo. Não sou capaz de decifrar os enigmas de Deus. Deus é insondável. O que ele está querendo com isso, não sei e nunca saberei. Mas me compete, na história, que é no terreno onde sempre operei, buscar fazer aquilo que me fez Marcelo Déda”, disse.
Na oportunidade, ele também afirmou que não renunciaria ao mandato: “Quero dizer aos sergipanos que enquanto Deus me der força e a medicina conseguir me manter em pé, eu continuarei buscando trabalhar pelo Estado de Sergipe, dentro do mandato que o povo sergipano me deu, com o apoio de Jackson e dos meus secretários. Não acreditem que o Estado está parado. Acompanho todas as questões de Sergipe. Só paro quando estou na quimioterapia. O Governo não para”, disse.
No entanto, naquele dia, o governador lamentou não poder entregar ele próprio algumas obras. “Temos sete rodovias para entregar. Não sei se estarei presente, mas vou autorizar o vice entregar, porque não quero que nada se atrase, em função de mim. É claro que tem obras que planejei, que escolhi fazer, como, por exemplo, o revestimento asfáltico de Santa Rosa do Ermírio a Sítios Novos. 
Meu coração fica pesado porque eu queria estar lá. Muito mais do que estar lá para cortar a fita, muito mais do que por vaidade, eu queria estar ali para ver aquilo que me fez entrar na política, que é o sorriso do meu povo, a felicidade da entrega da obra. A maior dor tem sido essa. Fazer a obra e não colher os sorrisos. No fundo é o maior ordenado que eu tenho, é o sorriso na face dos sergipanos. Hoje fiquem felizes todos, da oposição e do Governo, porque os senhores semearam sorrisos. Sorrisos que eu não sei se vou colher, mas quando forem colher, lembrem-se de mim”,  afirmou.
Em 29 de janeiro, quando esteve em Sergipe, a presidente Dilma Rousseff (PT) destacou a importância de Marcelo Déda: "Ele fala com a alma de forma clara e mostrando sentimento e paixão. Quem fala dessa forma, são pessoas que são vistas na história da humanidade como especiais, e Déda é especial, pois consegue dizer e fazer". No último dia 25 de outubro, a presidente visitou o governador no Sírio-Libanês.

Governador de Sergipe em segundo mandato (eleito no primeiro turno nas duas ocasiões), Marcelo Déda foi um dos fundadores do PT no Estado, partido pelo qual sempre militou. Foi deputado estadual e federal. Desempenhou a liderança do PT e do bloco de oposição na Câmara.  Déda também foi prefeito de Aracaju, capital de Sergipe, por dois mandatos (nas duas ocasiões também eleito em primeiro turno) – entre 2001 e 2006. 

(Fonte: Brasil 247).

NOTA DO GOVERNADOR EDUARDO CAMPOS: "A ausência do governador Marcelo Déda é uma enorme perda para a política brasileira. Ele foi o maior nome da minha geração, um homem que fazia política com 'P' maiúsculo, pela ideias. Acompanhei sua luta contra a doença, e tive a oportunidade de presenciar um exemplo de grandeza, de força e de coragem como poucas vezes se viu. Lamento profundamente sua partida não apenas como o cidadão e homem público exemplar que foi, mas também, e em grande medida, como um dos grandes amigos que fiz na vida. Em meu nome, de minha família e do Estado de Pernambuco, manifesto o pesar e a solidariedade a todos os familiares e amigos de Marcelo Déda e ao povo do Sergipe".

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