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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cargueiro norte-coreano retido no Panamá levava mísseis cubanos debaixo de carregamento de açúcar

Cuba admitiu estar por trás de um carregamento militar que foi descoberto dentro de um barco com a bandeira da Coreia do Norte retido pelo governo do Panamá
Foto: Arnulfo Franco/Associated Press

Rebocador aproxima-se do cargueiro coreano Chong Chon Gang, ancorado em Colon, Panamá

O Panamá deteve para investigação um navio de bandeira norte-coreana, o Chong Chon Gang, sob suspeita de esconder equipamentos de mísseis em um carregamento de açúcar mascavo vindo de Cuba. Para tentar evitar a inspeção o capitão da embarcação tentou se matar, duas vezes, seguidas, cortando a própria garganta.

O navio foi parado na semana passada enquanto se dirigia para o Canal do Panamá. A tripulação acabou presa depois que foram encontrados mísseis não declarados, numa potencial violação das sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) ao programa nuclear da Coreia do Norte.

"Descobrimos recipientes que supostamente contêm equipamentos sofisticados de mísseis. Isso não é permitido. O Canal do Panamá é um canal de paz, não de guerra", disse o presidente panamenho, Ricardo Martinelli, a uma rádio local nesta terça-feira.

O governo do Panamá disse que a embarcação contrabandeava "um equipamento sofisticado de mísseis" através do canal.

Na noite dessa terça-feira, o ministro de Relações Exteriores de Cuba disse em comunicado que o navio levava armas obsoletas cubanas para serem consertadas na Coreia do Norte.

Ao admitir que as armas eram suas e seriam apenas feitos serviços de manutenção na Coréia do Norte, Cuba quer se livrar da acusação de estar vendendo armas aos norte coreanos, o que seria uma violação as sanções da ONU.
Foto: Bienvenido Velasco/La Prensa

O primeiro equipamento encontrado é um radar de controle de fogo da família de mísseis terra-ar SA-2, de origem Russa, Foi usado na Guerra do Vietnã e instalado em Cuba durante a crise dos mísseis cubanos em 1962. Podem ser atualizados, ganhando sistema digital e novos softwares, tornando-se mais eficazes em rastrear e abater aviões militares modernos e menos vulneráveis à interferência eletrônica.
O QUE ACONTECEU?

O ministro da Segurança do Panamá, José Raúl Mulino, disse que "o barco foi detido na quarta-feira passada, por causa de uma informação relacionada com drogas".

As autoridades panamenhas tiveram dificuldades em inspecionar o navio, diante da forte e violenta reação da tripulação. Culminando com a tentativa de suicídio do capitão da embarcação que tentava a todo custo impedir a descoberta de sua carga clandestina.

Depois de negociações e prisão da tripulação o navio começou a ser inspecionado e logo se encontrou um míssil terra-ar de fabricação soviética, um modelo usado nos tempos da guerra do Vietnã, (1955 -1975).

Nesta terça-feira à noite, um comunicado oficial do Ministério das Relações Exteriores cubano admitiu que o navio levava armas obsoletas de Cuba para serem consertadas na Coreia do Norte.

No entanto, a nota diz que Cuba reafirma seu compromisso com "a paz, o desarmamento, incluindo o desarmamento nuclear, e o respeito pelas leis internacionais".
Foto: La Prensa

O presidente panamenho, Ricardo Martinelli, inspecionou os trabalhos de vistoria no navio apreendido com a carga ilegal
O QUE SE SABE SOBRE O CARREGAMENTO? 

Cuba afirmou que o navio carregava 240 toneladas de "armamento de defesa obsoleto" ─ dois complexos de mísseis anti-aéreos, nove mísseis divididos em partes menores, dois aviões de caça MiG 21-Bis e 15 motores de MiG.

O comunicado cubano disse que as armas haviam sido fabricadas em meados do século 20. Elas passariam por uma manutenção na Coreia do Norte e seriam levadas de volta ao país.

"Os acordos assinados por Cuba nesse campo incluem a necessidade de manter nossa capacidade defensiva para preservar nossa soberania nacional", diz a nota.

O país afirmou ainda que o navio estava carregado com cerca de 10 mil toneladas de açúcar.

O governo do Panamá continua descarregando o navio para investigar seu conteúdo. Um trabalho demorado já que a tripulação danificou o guindaste à bordo, o trabalho tem que ser feito a mão e pode durar semanas. São mais de 250 mil sacas de açúcar mascavo, unidades de 50 quilos, um total de 10 mil toneladas.

O presidente do Panamá, Ricardo Martinelli, fez o anúncio da detenção do barco em sua conta no Twitter.

Martinelli afirmou não é permitido navegar através do Canal do Panamá com armas de guerra não declaradas.

O navio norte-coreano deixou o extremo leste da Rússia em abril e cruzou o oceano Pacífico com seu sistema de localização automática desligado ─ uma manobra "suspeita", segundo especialistas em segurança naval.
Foto: Reuters

o cargueiro Chong Chon Gang é reincidente, já foi flagrado por autoridades ucranianas com carga clandestina que incluía munição e drogas
O QUE ACONTECEU COM O BARCO E COM A TRIPULAÇÃO?

As autoridades detiveram 35 membros da tripulação, quem teriam resistido fortemente, segundo Martinelli.

A agência de notícias Reuters cita uma entrevista do presidente a um canal de televisão do país, em que ele teria dito que o capitão do navio tentou o suicídio depois que a embarcação foi apreendida.

Os tripulantes e o capitão foram levados à ex-base aeronaval americana de Sherman, agora sob o comando do Serviço Aeronaval do Panamá.

O ministro de Segurança, José Raúl Mulino, afirmou que o governo consultará a ONU para determinar a que organismo teria que entregar os prisioneiros caso se confirmasse o contrabando de armas de guerra.

O navio Chong Chon Gang já havia sido objeto de controvérsias em anos anteriores.

Hugh Griffiths, especialista em tráfico de armas do Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo, na Suécia, diz que a embarcação havia sido capturada anteriormente por traficar drogas e munições, segundo a agência de notícias Associated Press.

O barco foi retido em 2010 na Ucrânia e foi atacado por piradas na costa da Somália em 2009. Nesse mesmo ano, chamou a atenção do Instituto por causa de uma parada que fez em Tartus, o porto sírio onde a Rússia tem uma base naval.
Foto: Reuters

As autoridades panamenhas vão ter que mandar descarregar a 250 mil sacas, em busca do armamento contrabandeado, embaixo do “azucar” cubano.
QUE RESTRIÇÕES PESAM SOBRE A COREIA DO NORTE EM RELAÇÃO A ARMAMENTOS?

As sanções da ONU impedem a Coreia do Norte de exportar e importar armamentos. No caso das importações, só armas leves são permitidas.

As restrições se intensificaram logo depois que Pyongyang realizou seu terceiro teste nuclear em 12 de fevereiro, quando os Estados Unidos passaram inspecionar navios norte-coreanos suspeitos.

Nos últimos anos, diversos barcos norte-coreanos foram confiscados sob o regime de sanções da ONU.

Em julho de 2009, um navio da Coreia do Norte rumo à Birmânia (também conhecida como Mianmar) foi obrigado pela marinha americana a voltar a seu porto quando se suspeitou que ele levava armas.

Especialistas acreditam que Pyongyang está desenvolvendo uma ogiva nuclear suficientemente pequena para ser colocada em um míssil de longo alcance.

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