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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A SECA ACABA COM A ESPERANÇA DO NORDESTINO

Em Garanhuns por volta do meio dia o sol está tão quente, nesse final de outubro, que temos a sensação de estar em outra cidade. O clima ameno da Suíça Pernambucana parece ter sido exportado e tomamos emprestado o calor de Arcoverde, Serra Talhada ou outros municípios do Sertão próximo. Na verdade estamos sofrendo os efeitos da seca, uma das piores da região nos últimos 30 ou mesmo 50 anos. Quem pega a estrada em direção a Caruaru fica desolado a partir de São Caetano. Por ali está parecendo um deserto. Mas nem precisa ir tão longe. Nas proximidades do aterro sanitário de Garanhuns, perto da divisa com Caetés, a paisagem também é de entristecer qualquer cristão.

A situação é muito séria, com reflexo nas feiras livres, na comercialização de gado, nas lojas de Garanhuns e de todas as cidades interioranas. Tem pecuarista vendendo vaca de R$ 2 mil por R$ 500,00. O que tem de boi vendido para o Maranhão está difícil dimensionar. Um amigo meu entregou por uma bagatela cerca de 200 reses, por menos da metade do preço. "É melhor de que ver morrer tudo", justificou.

Neste quadro os pequenos comerciantes estão sufocados, se vende muito pouco. O dinheiro encurtou e brinquedos, roupas, sapatos, jogos eletrônicos e até celulares passaram a ser supérfluos. O essencial mesmo é comida. E com a seca o quilo de feijão faz tempo que passou de 5 reais. O feijão de corda verde ou a fava estão por 8 reais nas feirinhas de Garanhuns. Um quilo de farinha em muitos estabelecimentos não sai por menos de 4 reais.

Na verdade a situação só não é mais trágica por conta do Bolsa Família, que mata a fome de muitos e movimenta o pequeno comércio das periferias.

O Brasil não tem furacões, como nos Estados Unidos, mas a seca no Nordeste está de volta desde 2011, pode se prolongar por 2013 e faz estragos maiores do que o Sandy da terra de Obama. Pode não estar matando de imediato, não ter a visibilidade do "astro americano", contudo está destruindo aos poucos. A lavoura, a terra, os bichos, afugentando o homem de seu chão, empobrecendo as pequenas e médias cidades.

O governador Eduardo Campos já chamou a atenção da presidenta Dilma para a questão. Ontem foi a vez do senador Humberto Costa discursar sobre a seca no senado.

Está na hora de pensar menos em 2014. De encerrar a discussão sobre quem perdeu mais ou foi o grande vencedor de 2012. Governos municipais, estaduais e federal devem concentrar seus esforços no problema da estiagem.

A situação é séria mesmo e se entrar 2013 sem chuva pode anotar aí: nem a Barragem do Cajueiro vai evitar um racionamento em Garanhuns. Até porque, não sei se os moradores da cidade já notaram, faz um bom tempo em que a água só está chegando nas torneiras à noite. Sinal de que os dirigentes da Compesa já estão tomando medidas preventivas.

Que se faça alguma coisa e já. A seca não tem dó de ninguém e acaba com a esperança da gente nordestina.  
 
 Portal Nordeste.com

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