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sábado, 26 de janeiro de 2013

Muitos transtornos e 6 meses sem obras na BR-104


Foto: Wagner Gil/Especial para o JC

Duplicação da pista, que corta o Polo de Confecções do Agreste, parou por causa de problemas financeiros. Moradores temem mais acidentes graves e cobram providências

Iniciada há quase seis anos, a duplicação da BR-104, que deveria tornar-se um importante equipamento para escoamento da produção de confecções e produtos agrícolas, está paralisada há mais de seis meses. A suspensão dos trabalhos tem causado transtornos aos moradores de várias cidades do Agreste, principalmente a Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, que formam o polo de confecções. Na cadeia produtiva, estão dez mil pequenas fábricas responsáveis pela geração de pelo menos 120 mil empregos diretos. Só em Caruaru, a movimentação financeira em dia de Feira da Sulanca, passa dos R$ 50 milhões. A cidade recebe um fluxo extra de pelo menos 30 mil veículos.

De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), houve problemas de ordem financeira, já que a obra precisou de aditivos, questionados no Tribunal de Contas da União (TCU). A duplicação – uma obra federal – foi estadualizada e passou a ser executada pelo governo do Estado. Procurado, o secretário de Transportes, Isaltino Nascimento (PT), não respondeu às ligações.

Em 2009, quando assumiu a Prefeitura de Caruaru, José Queiroz (PDT) montou um comitê gestor para acompanhar os trabalhos. O prefeito admitiu que há mais de um ano não acontece reunião da entidade, formada por servidores de vários órgãos do Estado, secretários municipais, representantes do consórcio, sob a presidência do prefeito de Caruaru. “ O comitê foi criado para destravar problemas com Compesa, empresas de telefonia e de iluminação. Cumprimos nossa função, mas à medida que o problema financeiro entre o Estado e consórcio que toca a obra foi se complicando, o comitê gestor não teve poder de interferência”, justificou Queiroz.

Enquanto ninguém resolve as pendências, os moradores sofrem. Os maiores problemas da duplicação estão no perímetro urbano de Caruaru. Em nenhum trecho que corta a cidade foram colocadas passarelas, além da sinalização ser precária. A combinação desses dois fatores tem causado acidentes, atropelamentos e mortes.

O filho do ex-secretário-executivo de Governo da de Caruaru, Eduardo Guerra, foi uma das vítimas. Eduardo Irineu, 22 anos, bateu de frente com sua moto em uma manilha colocada no meio da pista, depois de derrapar em material de construção e areia deixados na BR. Ele morreu horas após ser socorrido. O acidente ocorreu há cerca de quatro meses em frente à casa de shows Palladium. Nada mudou no local.

Por causa dos acidentes, a Polícia Rodoviária Federal tem deixado há mais de quatro meses uma viatura no trecho que corta Caruaru. “Ela cobre um área de 10 quilômetros, 24 horas por dia”, disse o patrulheiro. “A quantidade de acidentes é enorme.”

No trecho que corta Caruaru, foram construídos oito viadutos, mas por falta de manutenção as paredes já estão tomadas pela vegetação. Duas pontes que cortam o Rio Ipojuca também estão inacabadas. Alguns motoristas tentam desviar do tráfego intenso, utilizando a estrutura que não tem sinalização. “Em um trecho que era para ser percorrido em dois minutos, demoramos até 20 ou 30 minutos”, afirma o taxista Sandoval Melo.

Alguns restaurantes que funcionavam às margens da pista fecharam as portas ou mudaram de local. “Depois dessa duplicação, que nunca termina, o movimento caiu. A solução foi buscar um ponto, no Centro, com custos mais elevados”, disse o comerciante Luis Carlos, 67.

Wagner Gil Especial para o JC.

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