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domingo, 20 de janeiro de 2013

SANGUE E VIOLÊNCIA SÃO PRODUTOS LUCRATIVOS

Um dos meus propósitos futuramente é criar um jornal. Atualmente seria impresso e virtual. Nesse jornal pretendo colocar temas relacionados à Ciência, Política, Religião, Economia, Cultura e debates atuais, como aborto, pena de morte e casamento entre pessoas do mesmo sexo. Será um jornal crítico, provocativo, desafiador. Minha intenção é levar o leitor a raciocinar, questionar, argumentar. Mas confesso que ultimamente esse objetivo tem me parecido por demasiado utópico.

Para um jornal sobreviver é óbvio que se precisa de dinheiro. Ou seja, tem que vender. Mas quem vai comprar um jornal assim? Eu sei que existem muitas pessoas que se interessam por um jornal assim. Mas comparadas as que se interessam pelo jovem morto na última madrugada ou pelo caminhão que virou, essas pessoas praticamente somem.

Estou sugerindo que os jornais policiais não devam existir? De forma alguma! O que lamento é que as pessoas só se interessem por esse conteúdo. É óbvio que se eu tenho um jornal policial não vou ficar abordando novas descobertas científicas ou dando dicas sobre filmes históricos. Se bem que existem jornais, blog’s e sites policiais que superam em muito qualquer filme de terror. Nenhum filme me assusta perante os closes de tiros e facadas.
Sangue e violência vendem muito por que há quem compre. São produtos valiosíssimos no mercado! Se eu quiser ter sucesso em minha empreitada terei que mudar o gênero de meu jornal. Ao invés de tentar informar o público para que não saiam vomitando bobagens por aí, terei que procurar a imagem mais trágica do mês para colocar como matéria de capa.

Os meios de comunicação incitam o cidadão a ser crítico. Em época de eleição nos pedem que analisemos bem antes de votar, que não vendamos nosso voto. Decorrentes de alguns crimes surgem debates sobre alterações de leis, aumento de penas, mudanças no sistema penitenciário, etc. Mas esses são temas que exigem do cidadão informação e conhecimento. Esses meios estão transmitindo isso? O que o cidadão aprende só ouvindo notícias sobre roubos e assassinatos?

Há quem diga que serve como exemplo. Por exemplo: quando um adolescente ver outro morto  por causa de drogas, esse adolescente vai se conscientizar. Sugiro que mudem de estratégia, pois essa não está dando certo. Tentem investir em educação de qualidade, saúde, lazer e infra-estrutura.Talvez ajude.

É uma pena que informação e conhecimento não sejam produtos rentáveis. Se fossem, é bem provável que vivêssemos em uma sociedade melhor. Uma pessoa informada e crítica sabe o que falar, como falar e quando falar. Isso iria transparecer no voto que tanto falam. Isso iria refletir diretamente nas famílias, nas instituições.

Mas tenho que admitir que apelar para sangue e violência é mesmo uma grande sacada de marketing!

(Carlos Wilker)

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