Aprovado na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados, um projeto de lei garante um salário mínimo a toda mulher que tenha engravidado vítima de estupro, caso ela opte por não abortar.
O projeto é de autoria do deputado Henrique Afonso, evangélico, do PV do Acre. “Eu faço o que Deus manda e não consigo imaginar que eu possa separar as duas coisas [atuação política e religião]”, afirmou outro dia o parlamentar ao explicar o porquê da iniciativa.
A proposta ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça e pelo plenário da Câmara. Mas desde já foi apelidado por um nome pejorativo: o “Bolsa Estupro”.
Em Brasília já acontecem manifestações contra e a favor do projeto.
Do ponto de vista dos que apoiam a ajuda às gestantes está se fazendo uma boa ação, pois ao se evitar o aborto não se praticaria um crime. Na visão dos que são contra a proposta é monstruosa, por incentivar mulheres pobres a ter filhos de estupradores e indiretamente favorecer a própria ação desses criminosos.
É curioso como muitos que defendem a vida dos que não nasceram aindadão as costas para os que já estão aqui. Queiram ou não o aborto existe no Brasil. Sua ilegalidade só penaliza as mais pobres. Mulheres ricas usam clínicas de luxo e até hospitais para interromper uma gravidez indesejada. As que não têm recursos recorrem a enfermeiros, parteiras, clínicas clandestinas, muitas delas morrendo nas mãos dos açougueiros. Contra isso não se vê nenhum protesto.
A criação da Bolsa Estupro é uma anomalia. Mais séria do que ter um deputado homofóbico e racista presidindo a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara.
Apesar dos avanços da ciência, da medicina, da genética, de toda tecnologia, permanecemos um país atrasado, com muita gente ainda de mentalidade medieval.
Por isso há uma inversão de valores e muitos que pensam estar defendendo a vida estão na verdade dizendo sim a morte.
Do Blog de Roberto
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