Esse causo eu tenho que
contar, por que deveras aconteceu, como diria a nossa amiga comum
Eunice!
Sem
querer parafrasear o grande PAULO CAVALCANTI,resguardadas as devidas
proporções, eu não poderia deixar de contar esta estória. Só mesmo saindo da
mente prodigiosa do meu amigo MANOEL AYRES, igualmente um comunista histórico!
Para quem
não conhece, Manoel Ayres, simplesmente
Manoel, como eu costumo me referir e como ele faz questão de ser chamado, é um
comunista histórico que teve o privilégio de fazer parte da recente história
política de nosso País e foi um dos que se insurgiram contra o golpe militar que derrubou o governo
constitucionalista do Presidente JÃO GOULART
em 1º de abril de 1964. Graças a Deus Manoel Ayres saiu ileso desta
história. Mas vamos deixar esta estória para um capítulo mais longo, que evidentemente
não cabe nestas poucas (e mal-traçadas) linhas.
Pois
bem. Tirando os nove fora, pense como eu ri, com a última do meu amigo Manoel
Ayres. Saibam vocês, minha meia dúzia de pacientes leitores, que, como a
história, que é viva, Manoel Ayres nunca deixa de fazer e de contar estórias. A
última delas, que vou lhes relatar nestas mal-traçadas linhas (me
desculpe pelo plágio, Teles), não poderia deixar de ser contada.
Imaginem
voces, que Manoel Ayres, recentemente, indo ao Rio de Janeiro visitar um “companheiro
de luta”, que, como ele costuma dizer, compartilhou das agruras e desventuras dos “negros
anos da repressão”, “sofendo que só bode embarcado”, como
costumamos dizer, aqui na nossa região, ao
passar no Chek in (eu acho que é assim que se escreve, não é?)
Eu morro e
não me acostumo com estes termos americanizados - eita povinho besta
esse povo brasileiro – cismou de fazer uma gracinha
com a comissária de bordo. Hoje em dia, comunista que se preza não anda mais de
coletivo, vejam vocês. É de avião prá melhor, ou melhor dizendo, “é daqui prá melhor” - com perdão do trocadilho infame – resolveu tirar “uma” com a indigitada.
Como vocês também sabem, comunista que se preza prefere perder o amigo - e, no caso da comissária de bordo, nem tanto amiga
assim – do que perder a piada...
É que a
“dita
cuja”, como diz o meu amigo Manoel Moraes, outro que tenho em
alta conta e que também costuma aprontar, resolveu interpelar o meu amigo
Manoel Ayres, acerca do que diabos ele estava conduzindo em suas mãos com tanto
cuidado, que não deixava ninguém chegar perto e eis que Manoel Ayres se sai com
esta: “estou levando um tamanduá bandeira para o Rio de Janeiro!”
Vocês
bem podem imaginar o rebuliço que tal frase causou no nosso aeroporto
tupiniquim, que alguns resolveram mudar o nome para “Aeroporto Gilberto Freire
Internacional dos Guararapes” (eita povinho besta,
volto arepetir)! Pois não é que a idiota acreditou?
Tanto é
verdade que bastou Manoel Ayres proferir esta frase, como se tivesse cometido o
mais infame dos crimes, que a “sujeita” correu para denunciar o nosso amigo na
Polícia Federal.
E
bastou apenas alguns segundos e lá foi Manoel Ayres conduzido debaixo de
escolta policial para as dependências da
Polícia Federal para prestar esclarecimentos.
Para
quem não sabe, nos “negros anos da repressão” bastava você dizer uma frase fora
do contexto para ser conduzido aos porões da ditadura. Daí, meu amigo, sua
sorte estava entregue nas mão de Deus, como cosumamos dizer, pedindo vênia a
Manoel Ayres.
Ainda
bem que estamos livres deste tempo, porém, não nos encontramos livres da
imbecilidade que nos cerca, taí o caso ora relatado.
Para
encurtar a estória, “vamos aos finalmente”, como diria Odorico Paraguassú:
O caso
é que, depois de ser interrogado durante alguns minutos pelos agentes da
repressão, desculpem, pelos agentes da Polícia Federal(ainda bem, porque o vôo foi
paralisado enquanto Manoel Ayres era alvo de interrogatório), o meu
amigo esclareceu que a resposta deveu-se à pergunta idiota da comissária de
bordo, já que, segundo Manoel, ninguém, absolutamente niguém, em sã consciência,
pode acreditar que um critão (Manoel Ayres nem gosta desta frase claro)
possa transportar um tamanduá bandeira, “vivinho da silva”, dentro de um avião
e ainda declarar de viva voz o crime cometido! Imagiem vocês se Manoel
estivesse nos Estados Unidos? “Tava era lascado”, diria Odorico! Ia pegar no
mínimo uns dez anos de xilindró!
Moral da estória:
Ná
próxima vez que você for viajar de avião e estiver levando um bolo de aniversário,
não diga que está conduzindo um tamanduá bandeira. Se quiser brincar é melhor
dizer que está levando nos braços um
jumento! O jumento, ou melhor, a ignorância de nossos agentes públicos vai
agradecer. Eu não sei se o jumento vai gostar, mas, paciência.
E da
próxima vez prometo que vou contar uma de Manoel Moraes ou, quem sabe, conte
uma de Odorico Paraguassú?
Um abraço a todos.
*PAULO ROBERTO
DE LIMA é graduado em Filosofia pela Universidade
Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente
exerce o cargo de Procurador Federal.
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